O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou em um evento da XP com investidores em Washington, nos Estados Unidos, que a manutenção do cenário de incerteza elevada pode resultar em uma redução do ritmo de afrouxamento monetário realizado pela autarquia para controlar a inflação. Campos Neto mencionou a recente reprecificação de ativos devido à deterioração do cenário internacional e à percepção de riscos fiscais no Brasil, apresentando um guia sobre os próximos passos do BC dependendo da evolução do cenário.
Durante o evento, ele afirmou que poderia haver uma redução da incerteza levando o BC a seguir o caminho usual. No entanto, caso a incerteza continue alta e não se altere significativamente, isso poderia resultar em uma redução no passo do afrouxamento monetário. Campos Neto também discutiu cenários em que a incerteza afeta variáveis importantes, podendo levar a uma mudança no balanço de riscos, ou se a incerteza se agrava globalmente, levando a mudanças no cenário base do BC.
Em relação à política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) encurtou sua orientação futura para os juros básicos em meio a maiores incertezas, prevendo um corte de 0,50 ponto percentual na Selic se confirmado o cenário esperado. Atualmente, a taxa está em 10,75% ao ano, após seis cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual.
Campos Neto enfatizou que é cedo para falar em mudanças estruturais e que é necessário aguardar a evolução de variáveis até a próxima reunião do Copom, nos dias 7 e 8 de maio. Ele ressaltou que o BC não terá receio de tomar as medidas necessárias para atingir suas metas, mesmo que isso possa gerar problemas de credibilidade. O presidente do BC também destacou que a autoridade monetária não reage a reprecificações de prêmio de risco pelos mercados, intervenindo no dólar apenas em casos de disfuncionalidades.
