O deputado estadual Tiago Correia (PSDB), que atua como líder da Oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), levantou sérias questões sobre a recente compra de 250 mil sacas de milho, realizada pelo Governo do Estado através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). O negócio, que apresenta indícios de sobrepreço, foi firmado com a Cooperativa de Produtores Rurais (Cooperfarms) e totalizou R$ 26 milhões.
O custo por saca foi estabelecido em R$ 104, um valor que supera em R$ 32 a média de mercado, que nos últimos dias variou em torno de R$ 72. Essa discrepância resulta em um desperdício estimado em mais de R$ 8 milhões, um montante considerável que poderia ser melhor utilizado em outras ações de apoio aos agricultores.
“Se tratássemos de uma compra comum, a situação já seria alarmante. Contudo, em um momento tão crítico, em que diversas regiões da Bahia enfrentam os severos efeitos da seca, espera-se no mínimo responsabilidade na gestão do dinheiro público. Essa prática fere o princípio da economicidade. Considerando a quantidade adquirida, o preço deveria ter uma tendência a cair, não a subir”, enfatizou Tiago Correia.
De acordo com informações divulgadas pelo governo estadual, as sacas de milho estão destinadas a aproximadamente 25 mil famílias de criadores de caprinos, ovinos e vacas leiteiras que se encontram registradas no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) e que enfrentam os impactos da estiagem. Embora o socorro emergencial seja essencial, Correia argumenta que isso não pode justificar a falta de rigor na aplicação dos recursos públicos.
“O governo deve proporcionar transparência em relação a essa operação, pois não podemos aceitar tal desperdício, especialmente em um período de seca, quando um número maior de produtores poderia ter sido beneficiado. É importante refletir sobre quantos agricultores ficaram de fora dessa ajuda”, concluiu Tiago Correia.
A situação gerou discussões acaloradas no âmbito político, onde a responsabilidade na utilização dos recursos públicos é um tema recorrente. A Assembleia Legislativa da Bahia poderá exigir esclarecimentos do governo, além de discutir alternativas para melhorar a eficácia das medidas de apoio aos agricultores afetados pela seca. Enquanto isso, a insatisfação com a gestão atual continua a crescer, levantando preocupações sobre a transparência e a responsabilidade fiscal no estado.