Grécia celebra retorno ao grau de investimento após 15 anos de crise
No último sábado, 15 de março, o governo de centro-direita da Grécia expressou satisfação com a recente elevação de sua classificação de risco de crédito pela agência de classificação Moody’s, que passou de Ba1 para Baa3, marcando o retorno ao “grau de investimento”. Esta mudança é a última entre as grandes agências a retirar o status de “junk” (lixo) dos títulos do governo grego, um processo que teve início há 15 anos durante uma das mais severas crises da dívida da história recente da Europa.
O ministro das Finanças, Kostis Hatzidakis, destacou a importância deste avanço, afirmando que ele representa "o fechamento de um grande ciclo para a economia grega" e certifica o retorno do país à normalidade europeia. Segundo Hatzidakis, essa conquista é um sucesso coletivo, que reflete não apenas as políticas do governo, mas o esforço de todos os cidadãos gregos.
A Moody’s atribuiu sua decisão à rápida melhora nas finanças públicas do país, que superaram as expectativas. A agência também elogiou a postura política do governo e a estabilidade do ambiente institucional, prevendo que a Grécia continuará a apresentar superávits primários significativos, o que ajudará a reduzir gradualmente o elevado ônus da dívida.
Apesar da boa notícia, o governo de Kyriakos Mitsotakis enfrenta desafios internos, incluindo greves e protestos relacionados à gestão de um desastre ferroviário que completou dois anos no final de fevereiro. Hatzidakis fez suas declarações antes de entregar o cargo ao novo ministro Kyriakos Pierrakakis, em uma cerimônia que simboliza uma reformulação na equipe governamental.
O primeiro-ministro Mitsotakis comemorou o upgrade da Moody’s, afirmando que representa o "passo final na restauração do grau de investimento" por todas as principais agências de classificação. Ele reafirmou o compromisso do governo com reformas que visam atrair investimentos, criar empregos e fomentar o crescimento sustentável.
A Grécia, que entrou em uma espiral de crise em 2010, recebeu três resgates internacionais para evitar a bancarrota e estabilizar suas finanças públicas, por meio de severos programas de austeridade impostos por credores da União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional. A dívida nacional, que havia ultrapassado 200% do produto interno bruto em 2020, vem apresentando uma trajetória de queda, com projeções que indicam que deverá ficar abaixo de 150% este ano.
Moody’s elogiou os esforços contínuos do governo para reduzir a dívida, destacando que as finanças públicas gregas têm superado as expectativas, aumentando a confiança de que a dívida permanecerá em uma trajetória de declínio. As melhorias se devem, em parte, à contenção de despesas e ao aumento das receitas fiscais, resultado de avanços institucionais na arrecadação e cumprimento de impostos.
A elevação da classificação de risco não apenas representa um marco na recuperação econômica da Grécia, mas também sinaliza um novo capítulo na busca do país por estabilidade e crescimento sustentável, após anos de dificuldades e desafios. O futuro parece promissor, mas o governo ainda terá que navegar por águas turbulentas enquanto busca atender às expectativas de sua população e investidores.
Com informações do InfoMoney