A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu uma notificação do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) na última sexta-feira (5). O Cremesp solicitou a suspensão da distribuição e comercialização de produtos à base de polimetilmetacrilato, popularmente conhecido como PMMA e utilizado em procedimentos de preenchimento. Tal demanda surge após a trágica morte da influenciadora Aline Maria Ferreira da Silva.
O PMMA, abreviação para polimetilmetacrilato, é uma substância plástica utilizada em diversas áreas, inclusive na saúde. De acordo com o Cremesp, o PMMA não é seguro para fins estéticos, devido aos graves riscos de complicações irreversíveis e até fatais para os pacientes, principalmente em aplicações de grandes quantidades.
Apesar de ser considerado de “máximo risco”, a Anvisa permite a comercialização de produtos à base de PMMA para preenchimento cutâneo e muscular com objetivos corretivos estéticos ou reparadores. Esses produtos podem ser encontrados em diversas concentrações e apenas profissionais qualificados estão autorizados a aplicá-los, com as doses devidamente avaliadas por um profissional médico.
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A Anvisa registra a presença de produtos à base de PMMA para preenchimento há mais de uma década no Brasil, porém, seu uso é restrito a duas situações específicas: correção de lipodistrofia causada por antirretrovirais em pacientes com AIDS e correção volumétrica facial e corporal por meio de bioplastia para irregularidades do corpo.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) desaprova o uso de PMMA para fins estéticos devido aos riscos graves, como necroses, cegueira, embolias e a possibilidade de danos irreparáveis no corpo, uma vez que o PMMA não é reabsorvido pelo organismo e permanece no local da aplicação indefinidamente.
O triste caso da influenciadora Aline Maria Ferreira da Silva chamou a atenção para os perigos do PMMA. Aos 33 anos, ela submeteu-se a um procedimento estético de aumento dos glúteos com a aplicação da substância, resultando em complicações graves.
Após receber 30 ml de PMMA em cada glúteo em 23 de junho, Aline começou a apresentar febre no dia seguinte. Sintomas como desconforto abdominal surgiram em 26 de junho, seguidos por desmaios e hospitalização devido à pressão baixa e batimentos cardíacos acelerados.
Apesar dos pedidos de ajuda, Aline acabou falecendo no dia 2 de julho, resultando em investigações por parte das autoridades policiais. O Cremesp notificou a Anvisa em busca de medidas que impeçam a ocorrência de novas tragédias relacionadas ao uso do PMMA em procedimentos estéticos.
A importância da regulamentação e fiscalização dos produtos usados em procedimentos estéticos é essencial para a segurança e integridade dos pacientes. A Anvisa deve se posicionar diante desse cenário alarmante e garantir que medidas sejam tomadas para evitar novos casos como o de Aline Maria Ferreira da Silva. A segurança e saúde dos indivíduos devem ser prioridade em qualquer intervenção estética, evitando tragédias que poderiam ser facilmente prevenidas com práticas seguras e autorizadas.