Os integrantes da oposição na Bahia reagiram com veementes críticas às declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que, em entrevista à rádio Serra Dourada FM na última terça-feira (29), afirmou que o Brasil “não precisa continuar comprando dos Estados Unidos”. Essa afirmação ocorre em meio à iminência de uma ruptura comercial entre os dois países, com a entrada em vigor, na próxima sexta-feira (1º), de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA.
O deputado federal Paulo Azi (União Brasil), que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, caracterizou a declaração de Rui Costa como “irresponsável”. Ele apontou que tal fala pode intensificar a tensão comercial em um momento que demanda diplomacia. “O governo Lula acredita que está obtendo ganhos eleitorais com esse confronto. Essa tentativa de criar uma crise é imprudente, uma vez que a sobrevivência de milhares de empresas e empregos está em jogo”, destacou Azi.
Seguindo essa linha de pensamento, o deputado federal Cláudio Cajado (PP) ressaltou que a atitude do ministro da Casa Civil “acirra ainda mais os ânimos” nas relações com os Estados Unidos. “Não devemos nos antagonizar com os Estados Unidos em questões comerciais. Exportamos produtos significativos para lá, e isso pode nos trazer sérios prejuízos para setores como o agronegócio e a indústria aeronáutica. Ademais, este não é o momento para politizar um assunto puramente comercial. A administração de Trump cometeu erros ao transformar uma questão comercial em uma ideológica. Se os EUA estão errando ao politizar, devemos nós também replicar esse erro?”, questionou Cajado.
O deputado ainda elogiou a postura do vice-presidente Geraldo Alckmin, que, segundo ele, tem buscado estabelecer um diálogo construtivo com os americanos, utilizando o Itamaraty para evitar declarações que possam prejudicar as negociações comerciais.
Durante a entrevista à rádio, Rui Costa defendeu a possibilidade de implementar uma Lei de Reciprocidade como resposta à tarifa americana. “Se essas tarifas forem confirmadas e aplicadas, o Brasil tomará medidas de reciprocidade, pois, se os Estados Unidos não querem manter relações comerciais conosco, nós também podemos optar por comprar de outros países”, afirmou o ministro.
A sobretaxa de 50% imposta por Trump será aplicada a todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos e foi justificada pela Casa Branca como uma resposta às “ações e políticas recentes do governo brasileiro”. Essa é a maior tarifa estabelecida pelos EUA a qualquer parceiro comercial neste ano, aumentando as incertezas sobre o futuro das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.