Transição Energética: Oportunidades e Riscos Socioeconômicos Segundo Cientistas

Por Redação
4 Min

Desafios da Transição Energética no Brasil e na COP30

A transição energética é um dos temas centrais abordados na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). Para ser efetivamente implementada no Brasil e em outros países que ainda dependem fortemente do petróleo, essa transição enfrenta diversos desafios.

Pesquisadores discutiram os caminhos para o Brasil após a COP30 em uma conferência promovida pela FAPESP. Um dos pontos principais foi a necessidade de mobilizar US$ 1,3 trilhão anualmente até 2035 e criar mecanismos financeiros que apoiem países em desenvolvimento em suas transições energéticas.

Riscos e Oportunidades da Transição Energética

Durante a conferência, Thelma Krug, presidente do Conselho Científico da COP30, ressaltou que a transição energética pode trazer tanto riscos socioeconômicos quanto oportunidades. Países altamente dependentes da produção e exportação de petróleo e gás expressaram preocupação sobre quem assumirá os custos para viabilizar essa transição.

O multilateralismo foi destacado como um elemento fundamental para enfrentar esses desafios. Krug enfatizou a importância da cooperação internacional na luta contra as mudanças climáticas, mesmo em um cenário geopolítico complicado.

Avanços na COP30

Luiz Aragão, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mencionou que, apesar da falta de consenso sobre a eliminação dos combustíveis fósseis, a COP30 trouxe avanços significativos, como o lançamento do Balanço Global de Carbono 2025. Esse documento revela que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) continuam a aumentar e alerta para a necessidade urgente de ação.

Marcio Astrini, diretor do Observatório do Clima, destacou o déficit de ação dos governos em resposta às conclusões apresentadas pela ciência durante a conferência, que revelou a gravidade da situação.

Início da Transição em São Paulo

Os planos de transição energética no Brasil devem ser inicialmente focados em São Paulo, que possui uma matriz energética relativamente limpa, com 60% de fontes renováveis. No entanto, é o maior emissor nacional de GEE em setores como transporte e energia.

Gilberto Jannuzzi, professor da Unicamp, observou que as emissões de São Paulo são comparáveis às de países industrializados, e a transição energética deve ser alinhada com práticas adotadas em nações desenvolvidas.

Desafios Estruturais e de Financiamento

São Paulo já possui um Plano de Ação Climática (PAC 2050) que visa zerar as emissões de GEE até 2050. Contudo, o problema é que os diferentes planos do Estado ainda não estão adequadamente integrados.

As emissões no setor de transporte correspondem a 29% das emissões totais em 2022. Jannuzzi sugeriu que, embora a eficiência energética possa ser aumentada, o setor agropecuário apresenta um desafio significativo, devido às emissões de metano geradas pela agricultura.

O financiamento é outra barreira crucial para realizar a transição energética. O PAC 2050 estima que menos de 30% dos custos poderão ser suportados pelo setor público, o que tornará essencial a participação do setor privado.

Fontes de Financiamento Potenciais

Jannuzzi apontou que a arrecadação de royalties do petróleo e gás e a cláusula de PD&I poderiam ser fontes relevantes para financiar a transição energética em São Paulo. Ele também ressaltou a importância de estimular a pesquisa e inovação no estado para suportar esse processo.

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A transição energética no Brasil é complexa, mas com planejamento estratégico e cooperação internacional, é possível avançar em direção a um futuro mais sustentável.

Informações da Agência FAPESP

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