Os museus estão passando por uma transformação significativa impulsionada por demandas sociais urgentes, como a crise ambiental, a justiça racial e o reconhecimento de saberes indígenas. Essas mudanças exigem que as instituições museológicas repensem suas práticas e finalidades.
Esse debate foi o foco da programação do Seminário de Museologia França-Brasil, realizado em junho na Galeria de Anatomia Comparada e Paleontologia, em Paris. O evento contou com a participação do Museu Nacional de História Natural (MNHN), FAPESP e Universidade de São Paulo (USP) durante a FAPESP Week França 2025.
### A Nova Definição de Museu
Camila Wichers, professora de Museologia da USP, provocou a reflexão sobre o que é um museu, destacando a necessidade de considerar diferentes perspectivas, incluindo as ontologias indígenas. Ela enfatizou que a museologia deve engajar-se com saberes diversos, transformando a relação entre pessoas, objetos e territórios.
### Museus e Cultura Urbana
Wichers também mencionou a emergência de museus dedicados ao hip-hop e outras práticas culturais no Brasil, onde o território se torna o espaço de expressão cultural e resistência. Segundo ela, as atuações locais são urgentes em um mundo em transformação.
### Descolonização das Práticas Museológicas
O professor Bruno Brulon Soares, da Universidade de St. Andrews, ressaltou a importância da descolonização das instituições museológicas, que historicamente silenciaram os povos cujos patrimônios foram apropriados. Ele destacou que a atual insurreição museológica é conduzida por grupos marginalizados que lutam por direitos humanos e justiça social.
### Museologias Insurgentes
Manuelina Maria Duarte Cândido, da Universidade Federal de Goiás, abordou as chamadas “museologias insurgentes. Ela fez um resumo da evolução da museologia na América Latina, revelando a necessidade de uma prática museológica que priorize a participação e a representação das comunidades.
### O Papel da América Latina na Museologia
A professora afirmou que a América Latina, especialmente o Brasil, desempenha um papel central na consolidação da museologia social. Destacou a Recomendação da Unesco de 2015 como um marco importante, promovendo o reconhecimento dos museus e coleções na proteção de direitos culturais.
### Conclusão
O cenário atual exige que os museus reavaliem sua missão e se abram a diálogos mais amplos, respeitando as vozes das comunidades envolvidas. O movimento por uma nova museologia coloca a sociedade e suas diversidades no centro da prática museológica, promovendo a justiça social e ambiental.
Para mais informações sobre a FAPESP Week França, acesse fapesp.br/week/2025/france.
Informações da Agência FAPESP
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