Superlotação no Hospital Geral de Camaçari devido à falta de estruturas de saúde municipais

Por Redação
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O Hospital Geral de Camaçari (HGC) é considerado uma unidade de referência na Região Metropolitana para o tratamento de casos de alta complexidade, com o objetivo primordial de salvar vidas. No entanto, atualmente, a unidade está enfrentando um problema de superlotação, com mais de 46% dos atendimentos sendo destinados a casos de baixa gravidade ou de baixa complexidade, que poderiam ser facilmente resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) municipais e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Entre os casos atendidos no HGC, destacam-se sintomas como dores de cabeça, tontura, infecção no ouvido, gripes e até mesmo unhas encravadas. Surpreendentemente, mais de 94% dos atendimentos pediátricos e 77% dos atendimentos de adultos são provenientes de residentes de Camaçari, o que evidencia a deficiência das estruturas de saúde municipais e compromete a capacidade de resposta a situações de urgência por parte do HGC.

Segundo a diretora geral da unidade, Thaís Fraga Nunes, a superlotação de pacientes com casos menos graves impacta diretamente na sobrecarga da equipe do hospital. Ela ressalta que o HGC possui equipamentos e profissionais altamente capacitados para lidar com situações críticas, e que a priorização de pacientes com maior risco de vida é essencial para garantir a eficiência do hospital como um todo.

Embora seja estabelecido que o acesso ao hospital deve ser feito prioritariamente pela Central Estadual de Regulação e pelo Samu, ainda assim, 64% dos pacientes chegam por demanda espontânea, ou seja, procuram diretamente o HGC devido à oferta limitada de serviços de saúde na rede municipal de Camaçari.

O superintendente de Atenção Integral à Saúde do Estado, Karlos Figueiredo, destaca a gravidade da situação, mencionando que um parlamentar chegou a propor que o HGC oferecesse atendimento odontológico, uma competência municipal, e que o acesso fosse feito também por demanda espontânea, o que evidencia a falta de estrutura adequada na saúde pública municipal.

Diante desse cenário, o Governo do Estado tem se empenhado em atender a demanda reprimida no município. Em 2023, foi realizada uma feira de saúde que resultou em 2.200 atendimentos e 1.765 procedimentos cirúrgicos no HGC. Já em 2024, em parceria com as Voluntárias Sociais, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) ofereceu consultas e exames característicos da atenção primária, atendendo um total de 7.635 pessoas.

Quanto à média complexidade, o Governo do Estado assegurou, em parceria com a União, a construção de uma Policlínica Regional em Camaçari, por meio de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, estão sendo realizados investimentos contínuos no HGC, como a reforma e ampliação da unidade, e a construção da nova maternidade regional.

Para Karlos Figueiredo, a situação atual evidencia a necessidade do Estado de atender às demandas da população de Camaçari, devido à falta de estrutura adequada no sistema de saúde municipal. Mesmo sendo uma das cidades mais ricas do Brasil, Camaçari não possui um hospital municipal, o que faz com que todas as demandas de saúde dos moradores da cidade precisem ser encaminhadas para o HGC ou outras unidades da rede estadual.

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