Eleito com forte ação pelas redes sociais e sem uma estrutura de assessoria de imprensa, Jair Bolsonaro agora estuda profissionalizar a comunicação de seu governo, mas enfrenta resistência dos filhos que atuam na política. As informações foram publicadas nesta segunda-feira (19/11) pela Folha de São Paulo.
Segundo o jornal, passadas três semanas desde a vitória nas urnas, Bolsonaro ainda não tem um responsável por divulgar sua agenda e fazer esclarecimentos sobre suas ações, por exemplo. De um lado, os filhos do presidente eleito resistem à profissionalização desse trabalho, hoje feito de maneira informal por assessores. De outro, políticos e militares avaliam que a ausência de um assessor de imprensa e de uma estratégia clara de comunicação traz prejuízos.
Durante a campanha, Bolsonaro não teve assessoria profissionalizada. Na primeira entrevista coletiva que concedeu como presidente eleito, na qual alguns veículos de comunicação foram barrados, ele disse não saber quem decidiu selecionar os jornalistas. O episódio é mencionado por alguns aliados como exemplo de crítica que poderia ter sido evitada se houvesse um profissional responsável pela organização.
Ao longo da corrida presidencial, o argumento usado pela equipe de Bolsonaro era a ausência de recursos para contratação de um assessor. Com o governo de transição em funcionamento, esse não é mais um problema, já que o presidente eleito dispõe de ao menos 50 cargos.
ALEXANDRE GARCIA
Pessoas próximas a Bolsonaro relataram à Folha que sugestões de nomes de jornalistas para assumir a comunicação foram desaprovadas pelos filhos sob a justificativa de os profissionais serem petistas ou comunistas. Outras pessoas tentam vencer a resistência de Bolsonaro apresentando nomes do mercado. Entre eles, foi sugerido Alexandre Garcia, da TV Globo. A equipe do presidente eleito nega que tenha havido convite formal ao jornalista.
Os filhos defendem nomes com alinhamento ideológico ao pai. São poucos os jornalistas elogiados por eles. São exemplo nomes do site O Antagonista, como Felipe Moura Brasil, ou do colunista da revista Veja Augusto Nunes. O principal canal de comunicação oficial do futuro governo tem sido a conta de Bolsonaro no Twitter. Foi criado ainda um perfil oficial na rede social chamado Muda de Verdade, cuja descrição é “perfil oficial do Portal de Transição”. Assessores do gabinete de transição não sabem informar quem é o responsável pelas postagens.
Até que se defina se haverá um profissional a cargo da comunicação, o trabalho vem sendo feito de forma improvisada. Há um assessor informal, Tercio Arnaud Tomaz, que trabalha no gabinete de Carlos Bolsonaro e confirma agendas do presidente eleito e divulga fotos e vídeos das ações do político. Além disso, há na coordenação da equipe de transição uma assessoria de imprensa.