O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o seu pronunciamento de Natal, transmitido em rede nacional de rádio e televisão nesta quarta-feira (24), para pleitear o fim da escala de trabalho 6×1, sem redução salarial. Além disso, ele reforçou os temas que devem compor o discurso do governo e do PT nas eleições de 2026.
Com duração de pouco mais de seis minutos e iniciado às 20h30, o discurso trouxe um balanço das ações do governo em 2025 e abordou questões econômicas, trabalhistas, de segurança pública e o combate à violência contra a mulher. Um dos pontos destacados por Lula foi a “vitória” nas negociações com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas impostas a produtos brasileiros. Durante a fala, foi exibida a imagem de um apertar de mãos entre os líderes.
No campo econômico, o presidente reiterou a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até R$ 5.000 por mês, considerada uma das principais apostas do governo para o próximo pleito. “Para milhões de brasileiras e brasileiros, o último dia do ano também será o último dia com o Imposto de Renda descontado no salário. A partir de janeiro, com o fim do IR, milhões de famílias contarão com um dinheiro extra todo mês”, afirmou.
Outro ponto central do discurso foi a defesa do fim da escala 6×1, projeto que está em tramitação no Congresso Nacional e conta com o apoio do Palácio do Planalto. Lula argumentou que a jornada de trabalho atual é injusta e prejudica a qualidade de vida dos trabalhadores. “Nenhum direito é tão urgente, hoje, quanto o direito ao tempo. Não é justo que uma pessoa seja obrigada a trabalhar duro durante seis dias e tenha apenas um dia para descansar o corpo e a mente, passear com a família, cuidar da casa, se divertir e acompanhar de perto o crescimento dos filhos”, declarou.
O presidente também tratou do combate ao crime organizado, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo governo. Lula mencionou a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto e que investigou a atuação de facções criminosas em esquemas envolvendo postos de combustível e empresas. “Neste ano, a Polícia Federal realizou a maior operação já feita contra o crime organizado. O combate às facções criminosas chegou, pela primeira vez, ao andar de cima, e nenhum dinheiro ou influência impedirá a Polícia Federal de prosseguir com suas investigações”, afirmou.
Ainda no âmbito da segurança, Lula abordou os casos de feminicídio e garantiu que o governo liderará um esforço conjunto para enfrentar a violência de gênero. “Nós, que somos homens, devemos fazer um compromisso de alma. Em nome de tudo que é mais sagrado, sejamos aliados”, disse. Este tema ganhou destaque em 2025, com protestos em várias cidades e um recorde de casos registrados em São Paulo.
Ao encerrar o pronunciamento, Lula adotou um tom otimista ao falar de diplomacia e soberania nacional, citando a retirada parcial de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros. “Demonstramos ao Brasil e ao mundo que somos defensores do diálogo, da fraternidade e não fugimos da luta. Apostamos na diplomacia, protegemos nossas empresas e evitamos demissões”, concluiu. “Nossa soberania e nossa democracia saíram vencedoras.”

