Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) efetivar a indicação de Jorge Messias, atual chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), para a vaga recentemente aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), ele se tornará o quarto profissional a ocupar tal cargo antes de ser nomeado para a Corte. Os antecessores de Messias incluem Gilmar Mendes, Dias Toffoli e André Mendonça, que também transitavam pela AGU antes de suas respectivas nomeações, feitas por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente.
Um estudo realizado pela Folha de S.Paulo revela que, desde o processo de redemocratização do Brasil em 1985, 11 dos 31 ministros nomeados para o STF haviam ocupado cargos no Executivo federal antes de suas indicações. Com a confirmação de Messias, esse número subirá para 12, evidenciando uma clara tendência dos presidentes em preferir candidatos de sua confiança e com trajetórias alinhadas ao governo para o preenchimento de vagas na mais alta instância judicial do país.
Dentre os presidentes desde a redemocratização, José Sarney é o que mais indicou ex-integrantes do governo para o STF, com três nomeações. Fernando Henrique Cardoso e Lula aparecem em seguida, cada um com duas indicações. Outros presidentes, como Fernando Collor, Itamar Franco, Michel Temer e Jair Bolsonaro, contribuíram com uma indicação cada. Curiosamente, Dilma Rousseff foi a única a não nomear nenhum integrante do Executivo para compor o tribunal.
Além da AGU, o Ministério da Justiça também se destaca como uma importante plataforma de ascensão para o STF. Flávio Dino, indicado por Lula em 2023, tornou-se o sexto ministro do Supremo a ter ocupado essa pasta anteriormente. Outros exemplos notáveis incluem Alexandre de Moraes, escolhido por Michel Temer em 2017, e Nelson Jobim, indicado por Fernando Henrique Cardoso em 1997. Além deles, Maurício Corrêa, Paulo Brossard e Célio Borja também trilharam caminhos semelhantes ao exercer cargos relevantes no Executivo antes de chegarem à Corte.
O rol de indicações inclui ainda Francisco Rezek, que se destaca por ter duas passagens pelo STF, e Celso de Mello, que atuou como consultor-geral e assessor jurídico da Presidência durante o governo de Sarney.
Nas nomeações mais recentes, a confiança pessoal dos presidentes tem se mostrado um fator determinante. O advogado Cristiano Zanin, que defendeu Lula nos casos da Lava Jato, e Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro e descrito como alguém para “tomar uma tubaína”, são exemplos de escolhas que refletem uma proximidade tanto política quanto pessoal.

