Em uma reviravolta política surpreendente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente em regime domiciliar e condenado por sua participação na trama golpista de 2023, autorizou o apoio do Partido Liberal ao ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) em uma possível candidatura ao governo do Ceará nas eleições de 2026.
Ciro Gomes, que recentemente retornou ao PSDB, partido que marcou o início de sua trajetória política, tem se destacado como o principal nome da oposição ao PT no estado. A aliança entre os dois foi confirmada pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), um aliado próximo de Bolsonaro. Segundo Fernandes, “tudo que eu fiz e estou fazendo teve o aval de Jair Bolsonaro. Ele nos ouviu, nos atendeu e mandou tocar. Quando esteve aqui em Fortaleza, delegou a mim a responsabilidade de conduzir esse projeto no estado”.
A potencial união entre Ciro Gomes e Bolsonaro chama a atenção, especialmente considerando as duras críticas que o ex-ministro fez ao bolsonarismo anteriormente. Durante a campanha presidencial de 2022, Ciro chegou a caracterizar Bolsonaro como “estúpido” e “negacionista”. Em suas redes sociais, ele expressou: “Negacionista por vocação e estúpido por natureza, Bolsonaro mandou cancelar 25 decretos de pesar assinados por seus antecessores. Para Bolsonaro, aqueles facínoras são mitos e heróis”.
Atualmente, a aliança entre os dois é vista como uma estratégia para unir forças da direita e do centro no Ceará, estado que é governado pelo petista Elmano de Freitas, pré-candidato à reeleição em 2026.
Composição e bastidores
De acordo com fontes próximas ao processo, PL e PSDB devem formar uma chapa majoritária conjunta, com o apoio de outras siglas conservadoras locais. Essa articulação política está sendo conduzida por André Fernandes, que busca consolidar uma frente anti-PT no estado. O movimento tem como objetivo fortalecer a oposição ao governo atual e se preparar para os desafios eleitorais que se aproximam.
Contudo, essa movimentação ocorre em um cenário complicado, já que Bolsonaro enfrenta inelegibilidade devido a uma condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Essa situação impede que ele dispute cargos públicos até 2030, o que levanta dúvidas sobre seu papel efetivo nas próximas eleições. Apesar disso, sua influência sobre o PL e a articulação com Ciro Gomes demonstram uma manobra ousada em busca de reverter os destinos políticos do estado nas eleições futuras.
