Recentemente, integrantes da base de apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) expressaram descontentamento com a postura do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), em relação às articulações políticas que visam fortalecer o partido Avante na Bahia. Segundo informações obtidas pelo portal Toda Bahia, pelo menos três aliados influentes se reuniram na semana passada com o residente do Palácio de Ondina para relatar o que consideram uma “cooptação despudorada” de lideranças políticas.
A estratégia, liderada por Rui Costa em parceria com o ex-deputado federal Ronaldo Carletto, atual presidente do Avante na Bahia, gerou desconforto entre os caciques e parlamentares da base governista. Eles percebem a movimentação do ministro como uma tentativa de aumentar seu poder político, visando as eleições de 2026, quando pretende concorrer ao Senado. Um dos focos dessa articulação é o PSD, que atualmente é o maior partido da base aliada e está em busca da reeleição do senador Ângelo Coronel.
O clima de desconforto se intensificou após o evento de filiação do Avante, que ocorreu na última segunda-feira (6) em Salvador. O ex-prefeito de Irecê, Elmo Vaz, por exemplo, deixou o PSB da deputada federal Lídice da Mata para se filiar à nova sigla, com a intenção de se candidatar a deputado federal. Essa mudança deixou Lídice insatisfeita com a situação. Além disso, a deputada estadual Fabíola Mansur, também do PSB, pode seguir um caminho semelhante, conforme revelado pela coluna Rapidinhas.
A investida de Rui Costa também afetou o próprio PT, com a filiação ao Avante do ex-prefeito de Cocos, Marcelo Emerenciano, que pretende concorrer a uma vaga na Câmara Federal em 2026. Nesta semana, Rui reafirmou em entrevista a uma rádio do interior seu desejo de se candidatar ao Senado, e trabalha nos bastidores para que Ronaldo Carletto seja seu primeiro suplente. Essa estratégia é uma das razões pelas quais o ministro busca promover o crescimento do Avante, que atualmente conta com 75 prefeitos na Bahia.
Aliados do governador Jerônimo Rodrigues relataram que ele está ciente de que as movimentações de Rui Costa em favor do Avante e sua corrida pelo Senado podem causar atritos dentro da base, especialmente nas negociações para as eleições de 2026. Em conversas reservadas, o governador expressou a pessoas próximas que não deseja um “gigantismo” do partido de Carletto, preferindo manter um equilíbrio de forças na coalizão.
Vale destacar que, nas eleições de 2020, o Avante elegeu apenas quatro prefeitos na Bahia. Em uma articulação de Rui Costa, Ronaldo Carletto assumiu a presidência do partido em maio de 2023, desbancando o deputado federal Pastor Isidório, o único congressista da legenda no estado. Na Assembleia Legislativa, o partido conta com um representante, Patrick Lopes, mas pelo menos outros dois devem se filiar antes do próximo pleito: Felipe Duarte (PP) e Laerte do Vando (Podemos).