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Resistência à chapa puro-sangue aumenta e pressiona Jerônimo Rodrigues

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A defesa de uma chapa puro-sangue do PT para o Senado em 2026, com Jaques Wagner buscando a reeleição e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pleiteando a segunda vaga, tem enfrentado resistência crescente dentro da base do governador Jerônimo Rodrigues. Embora setores dentro do PT acreditem que essa composição poderia ser mais competitiva, lideranças aliadas estão pressionando o governador a reservar espaço para o PSD e garantir a candidatura de reeleição do senador Angelo Coronel.

Na semana passada, Jerônimo ouviu críticas de Geddel Vieira Lima (do MDB) e da deputada federal Lídice da Mata (do PSB) sobre a ideia de uma chapa exclusivamente petista. O governador já havia discutido o assunto em uma audiência com o senador Otto Alencar (do PSD), que reforçou a necessidade de manter a candidatura de Coronel.

Jerônimo pretende encontrar uma solução para esse impasse até o início do próximo ano. Essa negociação é crucial para desbloquear as nomeações para vagas abertas nos tribunais de contas e para realizar a reforma administrativa necessária, que incluirá a remoção de quadros que pretendem concorrer a deputado.

O chefe do Executivo estadual tem mostrado sensibilidade às demandas dos aliados, apesar de ter raízes no PT. Além de Coronel, o vice-governador Geraldo Júnior (do MDB) também busca a garantia de sua reeleição, mesmo após o insucesso nas eleições de 2024, quando ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de Salvador.

Ally’s admitem que uma possível compensação para ambos não será uma tarefa fácil, especialmente porque o senador do PSD não parece disposto a aceitar apenas a indicação da vice na chapa, caso Geraldo seja descartado. Publicamente, Coronel assegura que não abrirá mão de sua reeleição, mas, nos bastidores, há quem acredite que uma oferta política atraente pode convencê-lo a reconsiderar, principalmente se envolver a retomada do comando da Assembleia Legislativa da Bahia.

A situação é complexa. Coronel tem dois filhos com mandatos pelo PSD: Diego Coronel (federal) e Angelo Coronel Filho (estadual). Ambos, parte da base do governo, buscam fortalecer suas posições políticas para 2026. Em meio aos esforços do PT para desgastar o aliado, Otto Alencar intensificou a pressão para garantir a vaga do PSD no Senado, contando com o apoio do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, que ameaça romper a aliança com os petistas baianos caso a vaga não seja preservada.

Dentro do círculo de Jerônimo, há uma crescente avaliação de que o PT deveria fazer concessões. Pesquisas indicam que Rui Costa está em uma posição eleitoral mais favorável do que Jaques Wagner, alimentando a discussão sobre a possibilidade de Rui ser o candidato petista, deixando Wagner de fora da competição. Porém, Wagner controla uma parte significativa da estrutura partidária do PT, e essa mudança só seria viável se a proposta surgisse de sua própria iniciativa.

Outra corrente defende que Rui permaneça em Brasília, ao lado do presidente Lula, uma posição reforçada por Geddel em conversa com Jerônimo na semana passada, conforme apurou o Toda Bahia. Rui, no entanto, argumenta que abriu mão da candidatura ao Senado em 2022 e, por isso, reivindica o direito de concorrer agora.

Enquanto o governo tenta acomodar os interesses dos aliados, a oposição, liderada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (do União), observa atentamente a situação. Há quem acredite que existe potencial para atrair, se não todo o PSD, pelo menos um Coronel insatisfeito. Por ora, Jerônimo terá que mediar os interesses do PT, as ambições do PSD e a insistência do MDB em preservar seus espaços, sob o risco de comprometer a unidade da base.

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