O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresente, em um prazo de 48 horas, esclarecimentos sobre o descumprimento de medidas cautelares, a repetição de condutas ilícitas e o risco de fuga implicado na situação. Esta determinação surge em um contexto de crescente tensão em relação às ações do ex-presidente e sua família.
No mesmo despacho, Moraes enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório final elaborado pela Polícia Federal (PF), o qual revela indícios de crimes cometidos por Jair Bolsonaro e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Essas atividades estão relacionadas à tentativa de interferir no julgamento da Ação Penal 2668, que tramita no STF e investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Durante as investigações, a PF descobriu, no celular de Jair Bolsonaro, um documento extenso, com 33 páginas, no qual o ex-presidente menciona a possibilidade de solicitar asilo político ao presidente argentino, Javier Milei. Além disso, a investigação aponta que Bolsonaro violou medidas cautelares ao usar redes sociais para disseminar vídeos a respeito de sanções americanas contra Moraes e ao promover eventos públicos que desrespeitam as ordens judiciais.
Além de Jair e Eduardo Bolsonaro, o relatório inclui a participação do comentarista Paulo Figueiredo e do pastor Silas Malafaia. A PF relatou que esse grupo atuava para interferir no andamento do processo no STF e pressionar instituições democráticas do Brasil, com o objetivo de subjugá-las a interesses pessoais e restritos.
O relatório detalha ainda que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo tentaram obter apoio de autoridades dos Estados Unidos para a implementação de sanções contra agentes públicos brasileiros. Por sua vez, Malafaia colaborou na definição de estratégias de pressão, na disseminação de informações falsas e na mobilização de ataques direcionados ao Judiciário.
Uma perícia adicional revelou que Jair Bolsonaro manteve conversas com o advogado norte-americano Martin de Luca, representante da Trump Media & Technology Group (TMTG) e da plataforma Rumble. Em fevereiro de 2025, de Luca entrou com ações judiciais nos Estados Unidos contra Moraes, alegando censura e violação de tratados internacionais.
Com base em todos esses elementos, a Polícia Federal concluiu que há uma tentativa clara de obstrução da Justiça e um risco concreto de fuga por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro.