O senador Otto Alencar (PSD), que é o presidente estadual do partido, anunciou sua posição de voto favorável à derrubada do veto imposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto que propõe a ampliação do número de deputados federais, passando de 513 para 531.
A declaração de Otto chama a atenção devido à sua longa relação política com Lula. O parlamentar enfatizou que já havia apoiado o projeto anteriormente e que não tem intenção de mudar seu voto. “Votei a favor do projeto e vou votar para derrubar o veto dele. Não faz sentido mudar minha posição agora. Já conversei com ele sobre isso”, afirmou à coluna de Igor Gadelha, do portal Metrópoles.
Nos bastidores, aliados de Lula reconhecem que a possibilidade de reversão do veto no Congresso é real. Para que isso ocorra, é necessário obter a maioria absoluta dos votos, o que significa 257 deputados e 41 senadores, em deliberações separadas.
O veto foi anunciado em 16 de julho e gerou uma onda de debates. Segundo o Ministério da Fazenda, a ampliação do número de cadeiras na Câmara dos Deputados contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que resultaria em um aumento significativo de gastos públicos. Essa decisão dividiu a base governista: enquanto uma parte do grupo político defendia que Lula deixasse o prazo expirar, permitindo que o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), promulgasse a lei, outros membros do Planalto consideraram que o silêncio do presidente poderia gerar uma repercussão negativa na opinião pública.
Essa situação evidencia a complexidade da relação entre o Executivo e o Legislativo, especialmente em um momento em que o governo busca fortalecer sua base de apoio. A falta de consenso em torno do veto reflete as diferentes correntes de pensamento dentro do próprio governo e revela a dificuldade em alinhar interesses políticos em um cenário tão disputado.
Além disso, a questão da ampliação dos deputados federais também toca em um tema mais amplo, que é a representação política no Brasil. Aumentar o número de cadeiras pode ser visto como uma forma de dar mais voz a diferentes segmentos da sociedade, mas também levanta preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do país e o uso dos recursos públicos.
A expectativa, portanto, é de que o Congresso Nacional se mobilize para discutir a questão nas próximas semanas. A votação para derrubar o veto será um teste importante para a capacidade do governo Lula de articular sua base e, ao mesmo tempo, para a disposição dos parlamentares em apoiar ou contestar as decisões do chefe do Executivo.