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Eduardo Bolsonaro nos EUA: isolamento e obstáculos à reabilitação política

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Embora o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenha celebrado as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes (STF), ele enfrenta dificuldades para se reabilitar politicamente no Brasil. Essa informação, revelada pela Folha de S.Paulo, reflete a opinião de aliados do centrão e da direita bolsonarista.

Nos últimos dias, Eduardo intensificou seus ataques, atingindo até mesmo aliados próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo). Essa postura mais radical tem gerado um certo isolamento dentro de sua própria base conservadora, levando a um clima de tensão entre os políticos que antes se viam como parceiros.

Ao comemorar a aplicação das sanções financeiras contra Moraes por meio da Lei Magnitsky, Eduardo afirmou que ainda existem “várias batalhas adiante” e que essa vitória “não é o fim de nada”. Ele ainda insinuou que outros ministros do Supremo e seus familiares devem ser alvos de novas medidas punitivas. Essa retórica agressiva, no entanto, não ressoa bem com o eleitorado menos radicalizado, segundo relatos.

Adicionalmente, a situação se complicou ainda mais devido à sobretaxa de 50% que o governo dos Estados Unidos impôs a produtos brasileiros. Essa medida, assinada pelo ex-presidente Donald Trump no dia 30, gerou desgaste político, até mesmo entre os bolsonaristas. Os aliados de Eduardo estão divididos: alguns acreditam que o “tarifaço” é irreversível, enquanto outros aguardam novos desdobramentos das sanções para formar uma opinião definitiva.

Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro defendeu sua atuação, afirmando que buscou “direcionar melhor” as medidas, com a intenção de preservar o setor produtivo brasileiro. Contudo, as críticas ao deputado são feitas com cautela. De um lado, sua atuação contra Moraes é reconhecida, mas, por outro, cresce a percepção de que sua postura tem se mostrado excessivamente conflituosa. Um interlocutor próximo a Jair Bolsonaro comentou que a maneira como Eduardo vem tratando suas relações internacionais “divide o campo político e favorece o governo Lula (PT)”.

Além disso, antes mesmo da imposição das tarifas, já havia um desconforto evidente entre Jair e Eduardo Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tentou intermediar a situação. Embora Jair inicialmente se opusesse à permanência do filho nos EUA, acabou defendendo-o, embora tenha mencionado a “imaturidade” do deputado — um termo que se tornou recorrente entre aliados que criticam sua conduta.

Eduardo também tem direcionado críticas públicas a outras figuras da direita, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), e tem tentado boicotar agendas de parlamentares em Washington, incluindo ex-integrantes do governo Bolsonaro, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Assessores próximos ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, consideram inadequadas as declarações de Eduardo desde a imposição das tarifas, especialmente um vídeo em que ele convida empresários brasileiros a migrarem para os EUA. “Se você, empresário brasileiro, quiser investir aqui nos Estados Unidos, é só vir para cá que, em semanas, a gente coloca seu processo adiante”, declarou Eduardo.

No cenário atual, analistas políticos avaliam que o retorno de Eduardo Bolsonaro à cena política no Brasil depende de dois fatores considerados improváveis: uma eventual anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Com a inelegibilidade do pai, Eduardo vem sendo apontado como um dos principais nomes para representar o grupo bolsonarista nas eleições de 2026.

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