banner

Municípios mais pobres do Brasil são esquecidos e enfrentam abandono estrutural

3 Min

Cidades com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil continuam excluídas das emendas parlamentares, apesar de enfrentarem problemas estruturais graves, como a falta de saneamento, um sistema de saúde precário e altos índices de analfabetismo. Um levantamento recente revela que, das 20 cidades mais empobrecidas do país, 15 não receberam recursos federais por meio de emendas há pelo menos um ano. Quando esses municípios receberam verbas, os montantes foram geralmente baixos, muitas vezes inferiores a R$ 1 milhão.

O município mais pobre do Brasil, Melgaço (PA), que possui um IDH de apenas 0,418, recebeu a quantia de R$ 500 mil no ano passado. Em contrapartida, cidades vizinhas, que possuem melhores conexões políticas, como Gurupá, conseguiram captar mais de R$ 9 milhões. A cientista política Luciana Santana, da UFAL, destaca que a destinação dos recursos tem sido influenciada por critérios políticos, que muitas vezes se sobrepõem a critérios técnicos. Essa realidade resulta em um favorecimento de aliados de governadores e deputados, deixando em segundo plano as cidades mais vulneráveis.

A desigualdade na distribuição das emendas não se restringe a uma única região. Em Inhapi (AL), onde menos da metade da população tem acesso a água encanada, o repasse mais recente foi de apenas R$ 900 mil. Em contraste, cidades vizinhas, alinhadas politicamente, receberam até dez vezes mais. Além disso, há municípios como Bagre (PA) e Fernando Falcão (MA), que estão há anos aguardando verbas. Especialistas apontam que as emendas parlamentares podem representar uma parte significativa do orçamento desses municípios, mas a distribuição opaca e baseada em alianças políticas apenas intensifica a desigualdade já existente.

Essa situação evidencia a urgência de uma reavaliação nos critérios de distribuição das emendas. As cidades que mais precisam de apoio acabam sendo deixadas em segundo plano, enquanto aquelas com melhores relações políticas se beneficiam de forma desproporcional. A análise dos especialistas sugere que uma mudança na abordagem poderia garantir que os recursos cheguem a quem realmente necessita, promovendo um desenvolvimento mais equitativo e sustentável. A falta de planejamento e transparência nas emendas parlamentares pode perpetuar um ciclo de pobreza e exclusão, que se reflete nos baixos índices de qualidade de vida e serviços essenciais nessas localidades.

Compartilhe Isso