Na tarde desta terça-feira (27), um episódio tumultuado marcou a sessão extraordinária da Câmara Municipal de Salvador, onde sindicalistas invadiram o plenário durante a votação do projeto de reajuste dos servidores municipais. Em resposta, um grupo de 15 vereadores entregou à presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputada Ivana Bastos (PSD), uma representação, de autoria do vereador Cezar Leite (PL), pedindo a investigação por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Hilton Coelho (PSOL).
Os vereadores afirmam que Hilton Coelho entrou na Câmara acompanhado de sindicalistas da APLB-Sindicato e de ativistas, incluindo Kleber Rosa, com a intenção de tumultuar a sessão e constranger os parlamentares durante o exercício de suas funções. A representação ressalta que tal ação configura uma invasão não autorizada de um espaço parlamentar, caracterizando um abuso de prerrogativas e uma tentativa de interferência indevida no funcionamento de outro Poder Legislativo. Essa conduta afronta a autonomia dos poderes, a urbanidade institucional e o respeito mútuo entre os entes federativos.
O vereador Cezar Leite destacou que essa situação representa uma violação direta ao decoro parlamentar, pois o comportamento do deputado compromete a dignidade do cargo que ocupa e atenta contra a imagem da Assembleia Legislativa, além de ferir a democracia. “Estamos diante de um ato que não pode passar despercebido”, afirmou.
O 1º secretário da Câmara, vereador Claudio Tinoco (União), expressou a indignação dos colegas, revelando que muitos ainda enfrentam consequências emocionais do incidente. “Temos colegas que tomam medicamentos e outros sob recomendações médicas para não saírem de casa. Contudo, estamos aqui, quase em sua totalidade, para defender a democracia e as instituições. Não podemos permitir que isso fique impune”, enfatizou, lembrando que a Câmara já instaurou processos de investigação, tanto internos quanto criminais.
O 2º secretário da Mesa Executiva, vereador Ricardo Almeida (DC), manifestou preocupação de que tal incidente crie um perigoso precedente para a escalada da violência e a interferência nas instituições. “A manifestação na democracia é livre e deve ser respeitada, desde que não envolva violências extremas, como a que ocorreu durante a invasão da Câmara, que resultou em agressões a servidores, policiais e vereadores, além de depredação do patrimônio público”, lamentou.
O líder do governo, vereador Kiki Bispo (União), reforçou que, apesar da representação ter sido formalmente assinada por 15 vereadores, ela conta com o apoio de 33 parlamentares, incluindo o presidente da Câmara, vereador Carlos Muniz (PSDB), que não pôde estar presente, mas está colaborando nas investigações. “Essa representação representa não apenas 15 assinaturas, mas os 33 vereadores que se sentiram acuados e agredidos no exercício de seus mandatos nesta Casa, a mais antiga do país”, afirmou Kiki, afirmando que todos os ritos legislativos foram seguidos.
“É crucial que essa Casa reaja, investigando e apurando responsabilidades, especialmente porque as imagens mostram claramente a participação de Hilton Coelho”, concluiu Kiki Bispo.
Encaminhamento
A presidente da Alba, deputada Ivana Bastos, comprometeu-se a encaminhar a demanda à Procuradoria do Parlamento e a oferecer um retorno adequado sobre a situação, que ela classificou como “muito séria”. “O episódio é gravíssimo, pois cria precedentes para que situações semelhantes ocorram em outras instituições. O debate é legítimo, desde que haja ordem e respeito”, afirmou, garantindo que já se reuniu com a Procuradoria para definir uma posição sobre o caso.
Ivana Bastos reiterou seu compromisso institucional: “Estamos juntos nisso. Somos dois poderes e precisamos estar unidos. O Parlamento deve defender a democracia, e não aceitaremos a incitação à violência em hipótese alguma”, concluiu, enfatizando a necessidade de uma resposta clara não apenas à Câmara, mas à sociedade como um todo.