Parlamentares da oposição em Paripiranga, localizada no nordeste da Bahia, levantam graves acusações contra a gestão do prefeito Talisson Santa Rosa (PSD). Eles afirmam que a administração municipal está realizando manobras para impedir a posse do suplente Ival Rabelo de Souza (MDB) na Câmara Municipal. Informações divulgadas pelo Jornal A Tarde indicam que a Prefeitura estaria orientando os vereadores da base aliada a se ausentarem das sessões legislativas e mobilizando servidores comissionados para pressionar o Legislativo, tudo com o intuito de barrar o avanço da oposição.
A crise política começou após a renúncia do vereador Alexandre Magno Rodrigues de Oliveira (MDB), ocorrida no dia 7 de abril. De acordo com o Regimento Interno da Câmara, a vaga deixada deveria ser ocupada pelo suplente do partido. No entanto, essa posse depende de um quórum de maioria absoluta, ou seja, é necessária a presença de pelo menos seis dos 11 vereadores. Apesar das convocações para sessões nos dias 8, 11 e 24 de abril, a ausência deliberada dos parlamentares governistas impediu que o rito fosse cumprido.
Atualmente, a composição da Câmara é de seis vereadores da oposição e cinco da base do governo. A posse de Ival Rabelo ampliaria ainda mais essa vantagem oposicionista, o que, segundo os denunciantes, poderia comprometer projetos de interesse do Executivo.
Além disso, a apuração do Jornal A Tarde revelou que servidores comissionados, incluindo professores contratados, diretores escolares, enfermeiros e o diretor do hospital municipal, foram convocados pela Prefeitura a participar de manifestações no Legislativo durante o horário de expediente. Essa atuação tem gerado ainda mais tensão entre os grupos políticos.
A presidente da Câmara, vereadora Neide Carvalho (MDB), se manifestou a respeito da situação, afirmando que não há necessidade de votação para formalizar a renúncia e criticou o boicote por parte dos governistas. “A renúncia é um ato unilateral, pessoal, e independe de aprovação. Impedir a posse do suplente é uma afronta ao princípio democrático”, declarou em entrevista ao A Tarde.
Por sua vez, Ival Rabelo ingressou com um mandado de segurança para garantir sua posse imediata. Contudo, o juiz André Andrade Vieira, da Vara dos Feitos de Relações de Consumo, Cíveis e Comerciais de Paripiranga, negou o pedido de liminar, reiterando a exigência regimental de quórum para a Ordem do Dia.
A oposição anunciou que recorrerá ao Tribunal de Justiça da Bahia, denunciando o que considera uma tentativa de desestabilização institucional promovida pela Prefeitura. A Câmara Municipal continua a funcionar com apenas dez vereadores, enquanto a presidência da Casa se esforça para assegurar o cumprimento do regimento interno diante desse impasse.