A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, declarou nesta sexta-feira (04) que no Brasil há uma espécie de “cabresto digital”, o qual se manifesta por meio da desinformação com o intuito de influenciar o voto durante as eleições. Cármen participou da abertura de um encontro com convidados internacionais, a apenas dois dias do primeiro turno das eleições municipais.
— Nós agora temos no Brasil o cabresto digital, algo que conhecíamos nas décadas de 30 e 40 do século passado. Alguém insere em nossas máquinas, celulares e computadores informações que nos desinformam e nos direcionam para um único caminho, como se fôssemos meros manipulados, sem capacidade de escolher livremente — afirmou a presidente do TSE.
Cármen também ressaltou que as ferramentas de inteligência artificial (IA) confundem o cérebro humano, impedindo-o de fazer escolhas livres.
— Com a inteligência artificial, há a adição da exposição de fatos, dados e até imagens que confundem o cérebro humano. Um cérebro confuso não é um cérebro livre. Ele não consegue fazer escolhas livres, pois lhe falta o discernimento necessário, o raciocínio necessário.
A embaixadora de Gana no Brasil, Abena Busia, que também estava presente na abertura do evento, elogiou a expressão sobre o “cérebro livre” e mencionou que gostaria de estampá-la em uma camiseta. Além disso, participaram do evento os embaixadores do Uruguai e do Chile, Guillermo Valles e Sebastián Depolo.
Em seu discurso, a presidente do TSE ainda afirmou que há uma tentativa de se apropriar da defesa da liberdade de expressão, com a alegação de que qualquer forma de regulação seria considerada censura.
— Essas máquinas estão tentando se apropriar da liberdade de expressão, a qual é uma conquista democrática, argumentando que qualquer tipo de regulamentação seria uma forma de censura. Isso também é uma inverdade. É uma fake news, como comumente se diz, é uma desinformação.