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Agricultura da ALBA discutirá condições de trabalho dos produtores de sisal

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A Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) propôs a criação de um grupo de trabalho para discutir melhorias das condições dos produtores de sisal no estado. O assunto foi debatido nesta terça-feira (4) durante audiência pública com a participação de deputados, produtores e representantes do governo do estado.

O grupo de trabalho deverá contar com a participação de integrantes da ALBA, dos produtores, do governo e do Ministério Público do Trabalho (MPT). Na semana passada, inclusive, houve uma reunião no MPT com membros da Comissão de Agricultura para discutir propostas visando melhorar as condições de trabalho dos produtores.

O deputado estadual Manuel Rocha (União Brasil), presidente do colegiado, afirmou que a pauta do sisal tem sido amplamente discutida na comissão e ressaltou a busca por resolutividade. “É importante que os agentes políticos possam conhecer de perto a realidade da situação. A criação desse grupo de trabalho é fundamental para que possamos formular medidas que possam proteger esta atividade econômica tão importante para a Bahia e para o Brasil, que gera milhares de empregos. Queremos apresentar ações concretas”, afirmou.

O deputado estadual Luciano Araújo (Solidariedade), proponente da audiência pública, destacou a importância do sisal para a economia da Bahia. Ele afirmou que a situação atual de instabilidade prejudica este setor econômico e pode gerar desemprego.

“Queremos encontrar uma solução em relação ao trabalho, desenvolver algo em torno desta lavoura para que ela não acabe, não pare, porque do jeito que está vai faltar nas indústrias. O desemprego hoje já está atingindo os motores do sisal, as indústrias ainda têm estoque que pode durar até três meses, mas depois disso as indústrias vão parar por falta de matéria-prima. Estamos aqui hoje para defender este trabalhador, para que o desemprego não venha a acontecer na região sisaleira e que não seja um caos para o estado da Bahia”, disse.

O secretário estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), Osni Cardoso, informou que o governo tem adotado medidas que estão em curso, como a aquisição de um galpão e a compra de EPIs para 2.000 trabalhadores. “O que estamos iniciando agora são algumas ações para avançar no diálogo. A situação do sisal requer ações em conjunto, e essa audiência pode ser um grande marco para nós”, afirmou.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia (Sindifibras), Wilson Andrade, disse que o sisal está passando por uma fase difícil, mas ao mesmo tempo com boas perspectivas. Ele revelou que as projeções globais apontam para um crescimento do setor, após 30 anos de perdas. “O mercado que já foi de 800 mil toneladas, hoje é de 250 mil toneladas”, contou.

Ele apresentou um cenário de uso do sisal em automóveis e na produção de etanol. Contudo, ressaltou que para ampliar o uso do sisal é preciso haver certificação nacional e internacional. “E essas certificações envolvem a responsabilidade ambiental e social. Todos nós temos responsabilidade para buscar o desenvolvimento disso junto com o governo”, frisou.

Dados – Introduzido na Bahia em 1910, o sisal passou a ser explorado comercialmente a partir da década de 1930. O estado produz anualmente 140 mil toneladas de fibras de sisal, entre 68 municípios baianos produtores. A Bahia é o maior produtor do país, representando 90% dos números nacionais. O Brasil é o maior produtor mundial, representando 44,7% do total. O setor gera emprego e renda para cerca de 700 mil agricultores familiares.

O deputado Luciano Araújo ressaltou que, apesar da alta produção, a produtividade média na Bahia é de 1.200 quilos por hectare, número que ainda é baixo se comparado a outros países, como Tanzânia e Quênia, que alcançam mais de 2.800 quilos por hectare. A fibra do sisal é transformada em fios, cordas, tapetes e mantas, entre outros produtos.

No primeiro semestre do ano passado, o Brasil exportou 40 mil toneladas de sisal, representando movimentação econômica de 49,7 milhões de dólares. As exportações foram realizadas para 72 países, com destaque para China e Estados Unidos.

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