Dupla que matou menino de 2 anos atirou mais de 20 vezes contra o táxi, diz polícia

Por Redação
7 Min
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Marcas de tiros em vidro de táxi: alvo era pai, mas filho foi vítima fatal (Foto: Reprodução)

Era pra ser uma viagem alegre, de alívio pelo retorno ao lar. Depois de uma semana separados, a estudante Wêneda da Paixão Cruz, 19 anos, e o suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas Jorge Luiz Batista dos Santos Filho, o Fuinha, 23, haviam acabado de fazer as pazes e seguiam para casa com o filho Israel Cauã Cruz dos Santos, 2, por volta de 21h de terça-feira, quando a atmosfera de reconciliação deu lugar ao som de tiros.

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A mudança ocorreu na frente do Clube Social Unidos de Castelo Branco & Associação dos Idosos Unidos Venceremos, na Rua Vandique Reidner, quando o veículo, que era dirigido por um taxista amigo de Wêneda, foi interceptado por um Volkswagen Voyage preto do qual saíram dois homens armados. A dupla atirou mais de 20 vezes contra o táxi, modelo Corsa Classic, que ficou repleto de marcas de bala na janela traseira, no lado do carona. Pai, mãe e filho foram atingidos.

De acordo com o delegado Willian Achan, da 10ª Delegacia (Pau da Lima),  Jorge Luiz pertence à facção criminosa Caveira e está sendo investigado por tráfico na localidade Jaguaripe, em Cajazeiras. O delegado disse ter certeza que o alvo dos disparos era Fuinha. Não há informações se ele tem passagens pela polícia.

“Foram, no mínimo, 20 tiros. Ouvi uma rajada, depois outra. Quando saí, a mãe estava estirada no chão, pedindo que socorressem o filho”, afirmou uma moradora do local, sob anonimato.
De nada adiantou o pedido da mãe. Cauã, que foi atingido por pelo menos 8 disparos em várias partes do corpo, morreu instantes depois de ser baleado, ainda dentro do táxi.

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Wêneda, atingida por um disparo no abdômen, e Fuinha, que foi baleado no tórax, no dorso, na coxa e no abdômen, foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital do Subúrbio, onde seguem internados. O estado de saúde do casal é estável e eles não correm risco de morte.

Taxista
O motorista que conduzia a família foi à 10ª Delegacia, logo após o crime, para registrar a ocorrência do caso. Ele afirmou que recebeu um chamado de Wêneda para buscá-la no Parque São José, em Cajazeiras, na noite da terça-feira. Chegando lá, ele pensou em desistir da corrida porque viu que a jovem e a criança estavam acompanhados de Fuinha, que sabia ter envolvimento com o tráfico da região. Mesmo com medo de percorrer o trajeto entre Cajazeiras e Castelo Branco, ele transportou os três.

Quando ouviu os tiros que mataram a criança e feriram o casal, ele  conseguiu correr e só voltou ao local do crime quando homens da 47ª Companhia Independente de Polícia  Militar (CIPM/Pau da Lima) chegaram. “Ele só teve tempo de abrir a porta e sair correndo. Os homens já desceram do carro atirando”, contou o delegado.

Segundo a polícia, o taxista foi intimado a prestar depoimento à 2ª Delegacia de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela investigação do caso. Na ocasião, ele apresentou também o táxi, para ser periciado.

A assessoria de comunicação da Polícia Militar confirmou que o primeiro atendimento à ocorrência foi feito por homens da 47ª CIPM, e informou que, após o crime, o policiamento na região foi reforçado com policiais da Rondesp/Central. Nenhum suspeito do crime havia sido identificado, até o início da noite de ontem.

Reconciliação
De família evangélica, Wêneda teria abandonado a religião há 3 anos e, logo em seguida, teria se envolvido com Fuinha. O relacionamento não era bem visto pelos parentes da estudante por causa do suposto envolvimento do rapaz com o crime. De acordo com os familiares da moça, foi por causa da “vida errada” de Fuinha que a jovem teria saído da casa onde o casal morava com o filho, em Castelo Branco, e se mudado para a casa dos pais.

“Ela saiu de casa semana passada. Disse que não dava mais por causa dessa vida errada que ele levava. Ela não gostava daquilo. Era todo mundo chateado com ela por conta do envolvimento dela com esse rapaz”, afirmou um parente da estudante, que pediu para não ser identificado.

Na noite do crime, Jorge teria ido  na casa dos pais de Wêneda para se reconciliar com a esposa. Como não podia entrar na casa dos sogros, por conta das desavenças, ele levou a estudante para a casa da mãe dele, no mesmo bairro, e lá conseguiu convencê-la a voltar para casa.
“Quando ela se separou dele, a família acolheu, ajeitou tudo para ela, fez até compra de mês. Aí ele chega, pede pra voltar e acontece uma tragédia dessas”, afirmou outro parente de Wêneda, que pediu anonimato por medo de represálias.

Depois de fazer as pazes, Wêneda arrumou duas sacolas grandes com as roupas dela e do filho. Em uma das malas ainda era possível ver as fraldas do menino. “Ele era querido por todo mundo. Era danado, muito esperto. Botava o tablet no chão, ligava a música e dançava. Mas agora está morto. Isso é triste demais”, afirmou um familiar da vítima. Os parentes não quiseram informar o local e o horário do enterro de Cauã.

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