
A Justiça de Pernambuco condenou Sarí Corte Real a 8 anos e seis meses de prisão pela morte de Miguel Otávio de Santana, de 5 anos. A sentença foi divulgada na noite desta terça-feira (31), às vésperas do aniversário de dois anos da morte do menino.
Corte Real foi denunciada pelo Ministério Público de Pernambuco em julho de 2020 por abandono de incapaz com resultado em morte. O ógão pediu o agravamento da pena pelo crime ter sido cometido contra uma criança e durante uma situação de calamidade pública, a pandemia de covid-19. O Tribunal de Justiça de Pernambuco determinou que a acusada cumpra a pena em regime fechado, mas ela pode recorrer da decisão em liberdade. A defesa de Corte Real afirma que só vai se pronunciar após ler a sentença.
A criança morreu ao cair do 9º andar de um prédio de luxo em Recife em 2 de junho de 2020, enquanto estava sob os cuidados de Corte Real, então primeira-dama de Tamandaré (PE). Ela era patroa de Mirtes Renata de Souza, mãe de Miguel, que trabalhava como empregada doméstica e levou a criança ao trabalho porque as creches da cidade estavam fechadas em razão da pandemia. A mãe deixou o menino aos cuidados de Corte Real enquanto passeava com o cachorro da patroa.
Imagens registradas pela câmera do edifício, divulgadas pela Polícia Civil, mostram Corte Real apertando o botão da cobertura e, em seguida, deixando o menino sozinho dentro do elevador. No vídeo, Miguel é visto apertando outros botões. O menino, então, parou primeiro no 7º andar, sem desembarcar. Depois continuou até o 9º andar, desembarcou e subiu em uma caixa em que havia condensadores de aparelhos de ar-condicionado e acabou se desequilibrando. Miguel Otávio de Santana morreu após cair de uma altura de cerca de 35 metros.
O caso na capital pernambucana foi marcado por uma disputa de versões e gerou grande repercussão nacional sobre questões de poder, desigualdade social e racismo estrutural.