
A Polícia Federal (PF) cumpre nesta manhã desta sexta-feira (17), 309 mandados judiciais em seis estados e no Distrito Federal. A operação, batizada de “Carne Fraca”, apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Segundo a polícia, a “Carne Fraca” é, em números, a maior operação já realizada pela PF no país. Pela manhã, funcionários do ministério foram detidos. Gravações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal mostram um esquema de venda de carnes podres de frigoríficos brasileiros para o mercado doméstico e externo.
Alguns dos maiores frigoríficos do país, como JBS, BRF e Seara são alvo da operação. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também aparece na investigação em uma conversa interceptada com o suposto líder do esquema criminoso, o qual chama de “grande chefe”. A PF, no então, não vê irregularidades na atuação do ministro.
Frigoríficos menores também aparecem na investigação, como o Peccin, com sede no Paraná. Em uma das conversas interceptadas, um dos donos da empresa e a mulher discutem o uso de carne de cabeça de porco em linguiças, o que é proibido pela legislação.
Em outra gravação, os sócios do frigorífico discutem como reaproveitar um presunto que, embora podre, “não tem cheiro de azedo”, e por isso poderia ainda ser vendido. Em outra, combinam adicionar ácido sórbico a amostras de carne enviadas para análise de qualidade para que elas não sejam reprovadas pela fiscalização.
Empresários presos
Executivos do frigorífico JBS foram presos na manhã desta sexta-feira (17) pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca, que combate corrupção de agentes públicos federais e crimes contra saúde pública.
Segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Investigadores detectaram que em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público’.
Pelo menos 1100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.
“Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente”, diz a nota da PF.