Condições precárias no Conjunto Prisional de Feira de Santana favorecem fugas
O Conjunto Prisional de Feira de Santana, a maior unidade do interior baiano, apresenta graves problemas estruturais e operacionais. Com mais de 90 mil m² de área construída e uma população carcerária que supera os 2 mil detentos, a unidade enfrenta deterioração que compromete a segurança interna. Grades corroídas, portões empenados e um sistema de revista ineficaz são algumas das falhas identificadas por agentes penitenciários.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), três presos já conseguiram fugir da unidade em 2025. Um agente que preferiu não se identificar enviou um vídeo mostrando um ferrolho de suspensão totalmente corroído em um dos pavilhões, evidenciando a falta de manutenção. A passarela onde o ferrolho está instalado também apresenta sinais avançados de oxidação.
Os policiais penais apontam que a deterioração das estruturas facilita a ação de detentos. Com a oxidação das grades, serrotes, que entram no presídio devido à falha na revista, conseguem romper as barreiras com maior facilidade. Além disso, o único detector de metais da unidade frequentemente passa por manutenção, o que limita a segurança nas revistas.
A situação é agravada pela ausência de tecnologias de rastreamento corporal, como o body scan. Após a proibição da revista íntima, os visitantes são submetidos apenas a inspeções visuais. Um agente comentou: “Existem muitos pontos de falha. Sem tecnologia, a fiscalização é quase no olho.”
A precariedade também se reflete na comunicação interna. Servidores relatam a falta de rádios disponíveis e, apesar da proibição de celulares, os plantões dependem de grupos de WhatsApp para troca de informações. A inexistência de bloqueadores de sinal torna a situação ainda mais crítica. Um policial penal afirmou: “As unidades prisionais são centros de gestão do crime. Não ter bloqueio de celular é incompreensível.”
As condições estruturais deterioradas afetam também a saúde emocional dos servidores. Um agente expressou sua preocupação: “A gente trabalha em constante alerta. Se os presos decidirem sair, a estrutura não tem como segurar.” Outro complementar: “É um estado psicológico abalado. Não sabemos quando um preso pode tentar algo contra nós.”

