Criação de Delegacia e Ação Policial Contra Lavagem de Dinheiro
Em 25 de outubro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a criação de uma delegacia para combater crimes financeiros. A declaração ocorreu no mesmo dia da Operação Spare, uma ação que investiga uma organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro via postos de combustíveis e fintechs, além de exploração de jogos de azar.
“Essa delegacia vai combater de forma estruturada o crime organizado e sua intersecção com a economia real”, destacou Haddad.
A operação foi a quarta realizada neste contexto, com a colaboração de órgãos como o Ministério Público Federal, Ministérios Públicos estaduais e polícias militares.
Segundo Haddad, a proposta da nova delegacia será enviada ao Ministério de Gestão e Inovação (MGI) nas próximas semanas, e a unidade funcionará dentro da estrutura da Receita Federal.
A Operação Spare resultou de investigações sobre movimentações financeiras suspeitas de empresas. “Movimentavam R$ 4,5 bilhões e pagavam tributos sobre apenas 0,1% desse montante, o que chamou a atenção da Receita”, revelou Haddad.
Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão durante a operação. O coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, informou a apreensão de quase R$ 1 milhão em espécie, além de 20 celulares, computadores e uma arma de fogo.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, afirmou que facções criminosas estão expandindo suas atividades para além do tráfico de drogas, interferindo na economia formal e na política.
O promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Silvio Loubeh, informou que as investigações começaram por suspeitas sobre casas de jogos na Baixada Santista, relacionadas a máquinas de crédito e débito.
“Investigando empresas que recebiam esses recursos, identificamos dois postos de combustíveis envolvidos com lavagem de dinheiro. Assim, descobrimos um grupo criminoso controlando outros estabelecimentos no setor de combustíveis, uma rede de motéis e empresas de fachada que movimentaram milhões de reais”, detalhou Loubeh.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, também ressaltou a necessidade de controles mais rigorosos na importação de petróleo e derivados.
“Precisamos fazer uma série de avanços para combater essa infiltração tão ampla”, afirmou.
As investigações ainda indicam vínculos da organização criminosa com empresas do setor hoteleiro e a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Operação Spare mobilizou 110 policiais militares do Comando de Choque de São Paulo, além de agentes da Receita Federal e representantes da Procuradoria-Geral do Estado e da Secretaria da Fazenda.