Tenente-Coronel da PM é Preso em Operação Contra Milícias na Bahia
A casa do tenente-coronel da Polícia Militar, João da Silva, foi alvo de mandado de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira (8). A ação faz parte da segunda fase da ‘Operação Terra Justa’, coordenada pelo Ministério Público da Bahia, através do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco). A operação contou com a colaboração da Força Correcional Especial Integrada da Corregedoria Geral (Force) e da Corregedoria da Polícia Militar.
Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e dois de prisão preventiva nas cidades de Correntina, Santa Maria da Vitória e Salvador. A polícia apreendeu diversos documentos, aparelhos eletrônicos, armas, munições e materiais que passarão por perícia. As investigações seguem para identificar outros possíveis integrantes do esquema criminoso.
Conforme as investigações do Gaeco, em parceria com a Polícia Civil, João da Silva recebia vantagens indevidas para encobrir ações de um grupo miliciano. Esse grupo invadiu, com violência, terras de comunidades tradicionais na região de Correntina por mais de dez anos, em benefício de fazendeiros locais. O tenente-coronel teria recebido, entre 2021 e 2024, pagamentos mensais de R$ 15 mil, efetuados pelo líder da milícia, um sargento da reserva da PM. João da Silva é investigado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Denúncia e Bloqueio de Bens
Na primeira fase da ‘Operação Terra Justa’, o sargento, identificado como José Pereira, e um comparsa foram presos. Hoje, novos mandados de prisão preventiva foram expedidos contra eles e mais três pessoas, denunciadas pelo MPBA por organização criminosa voltada para lavagem de dinheiro relacionada à milícia.
A denúncia foi aceita pela Vara Criminal de Correntina em 5 de agosto, resultando no bloqueio de bens dos acusados, que podem ultrapassar R$ 8,4 milhões. As investigações revelam que o esquema criminoso incluía a ocultação de valores por meio de contas de terceiros, a fim de mascarar a origem dos recursos. Entre 2014 e 2024, a conta do sargento da reserva registrou movimentações em torno de R$ 30 milhões, com a maior parte dos depósitos oriundos de empresas do setor agropecuário.