Polícia Localiza Carretas Ligadas a Esquema do PCC em Camaçari
A Polícia Federal localizou ao menos 22 carretas das empresas G8Log e Moskal Log estacionadas em um posto de combustíveis em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, desde a última sexta-feira (29). Os empresários dessas companhias são investigados por suposta participação em um esquema bilionário ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os veículos haviam descarregado produtos em uma indústria local, mas não foi informado o tipo de carga. Motoristas relataram à TV Bahia que as carretas, previamente flagadas em uma reportagem do Fantástico, transportavam metanol, substância utilizada na adulteração de gasolina e etanol. O metanol é altamente tóxico e pode causar sérios danos à saúde humana.
Na sexta-feira, a Polícia Federal conversou com os motoristas e coletou informações, mas não encontrou irregularidades no local. A PF não se manifestou sobre a origem e o destino das cargas. Em contrapartida, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que fiscais visitaram o posto para registrar dados dos veículos e contataram a Secretaria da Fazenda da Bahia, além de manter comunicação com a Operação Carbono Oculto, que investiga o caso.
Os empresários foragidos Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, apelidado de “Beto Louco”, são considerados os principais articuladores do esquema. Eles foram alvos de uma megaoperação realizada na última quinta-feira (28) pelo Gaeco, em colaboração com o Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal.
As investigações revelaram que o grupo controlava aproximadamente 1,2 mil postos de combustíveis, operando através de usinas de etanol, distribuidoras e fintechs. O esquema começava no Porto de Paranaguá (PR), onde produtos químicos como metanol e nafta eram importados de forma irregular para adulteração de combustíveis.
Além das fraudes no setor energético, a rede criminosa mantinha um extenso esquema de lavagem de dinheiro. Em estados como São Paulo e Goiás, ao menos 19 postos de combustíveis e diversas padarias foram usados como fachadas. Algumas dessas padarias figuravam em rankings de excelência na capital paulista e operavam com nomes semelhantes a outros estabelecimentos para dificultar a fiscalização, utilizando “laranjas” como testas de ferro.