O pintor Vincent van Gogh (1853-1890) foi reconhecido por sua arte única e intensa, que refletia suas emoções e percepções. Em suas cartas trocadas com o irmão, Theo, Van Gogh compartilhou suas alegrias, tristezas e desafios, revelando um lado menos romântico e mais realista do artista.
A nova seleção de Cartas a Theo, organizada por Jorge Coli e Felipe Martinez para a Editora 34, oferece uma visão mais autêntica e humana de Van Gogh. Com traduções diretas das correspondências originais em holandês e francês, o livro revela aspectos do cotidiano do artista, como a falta de materiais para pintar e as decisões práticas relacionadas à sua carreira.
Felipe Martinez, doutor em história da arte e especialista em Van Gogh, discute a crescente popularidade do artista e a fascinação que ele exerce sobre as pessoas. Apesar do mito em torno de um pintor atormentado, Martinez destaca a importância das cartas em proporcionar uma visão mais equilibrada e realista da vida de Van Gogh.
Martinez enfatiza o papel fundamental de Johanna van Gogh-Bonger, cunhada do artista, na promoção e preservação da obra de Van Gogh após sua morte. Graças aos esforços de Johanna, as obras do pintor ganharam reconhecimento e foram disseminadas globalmente, contribuindo para a consolidação do seu legado artístico.
Em relação ao mercado de arte, Martinez destaca que Van Gogh tinha o desejo de tornar sua arte mais acessível ao público, por meio de gravuras com preços acessíveis. No entanto, o valor exorbitante alcançado por suas obras nos leilões atuais contrasta com essa intenção inicial, refletindo a consagração do artista como um dos grandes nomes da história da arte.
No Brasil, a presença de obras de Van Gogh representa não apenas um aspecto da globalização cultural, mas também uma conexão com a cultura local. A chegada das obras do artista ao país, especialmente no contexto do projeto de modernização do Masp, foi marcada por eventos festivos e celebrações, que evidenciam a admiração e apreço do público brasileiro pela arte de Van Gogh.