O Primeiro-Ministro do Haiti, Ariel Henry, concordou em renunciar ao cargo nesta terça-feira, 12, depois de semanas de pressão provocada por uma onda de violência gerada por gangues em seu país. A decisão foi tomada após uma reunião de líderes regionais na Jamaica, realizada na véspera, para discutir a transição política haitiana.
“O governo que lidero irá renunciar imediatamente após a instalação de um conselho (de transição)”, afirmou Henry em um discurso em vídeo. Ele agradeceu ao povo haitiano pela oportunidade que lhe foi concedida e pediu calma a todos os cidadãos, solicitando que façam o possível para que a paz e a estabilidade retornem o mais rápido possível.
Atualmente, Henry encontra-se isolado no território americano de Porto Rico. Aproveitando a ausência do primeiro-ministro em viagem internacional, a aliança de gangues que controla vastas áreas do Haiti assumiu os aeroportos para impedir seu retorno.
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A aliança G9 intensificou seu domínio nas ruas da capital, Porto Príncipe, e realizou um ataque à principal prisão do país, auxiliando milhares de detentos a escaparem. Os criminosos, que agora ocupam 80% do território da capital, também estão exigindo a renúncia do premiê.
Porto Príncipe e seus arredores estão em estado de emergência há um mês, e esta semana o toque de recolher foi estendido.
Henry assumiu o cargo de primeiro-ministro em julho de 2021, após o assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse. Ele deveria ser um governante interino, mas adiou repetidamente as eleições, argumentando que a segurança do país precisava ser restaurada antes. Muitos haitianos estão insatisfeitos por não serem representados por um presidente eleito.
A renúncia de Henry era aguardada há vários dias. O grupo Caricom, que reúne as nações caribenhas, deixou claro que ele era visto como um obstáculo à estabilidade do Haiti e que precisava renunciar. O presidente do Caricom e chefe de Estado da Guiana, Irfaan Ali, reconheceu a renúncia do primeiro-ministro haitiano e anunciou a formação de um conselho presidencial de transição, com dois observadores e sete membros votantes. Um primeiro-ministro interino será nomeado “rapidamente” pelo conselho, abrindo caminho para as primeiras eleições no Haiti desde 2016.