Finlândia deseja adesão “sem demora” à Otan e Rússia se considera ameaçada

Por Redação
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A primeira-ministra finlandesa Sanna Marin (AFP/Franck ROBICHON) (Franck ROBICHON)

O presidente e a primeira-ministra da Finlândia se declararam favoráveis nesta quinta-feira (12) a uma adesão "sem demora" à Otan e afirmaram que a decisão do país nórdico será anunciada, a princípio, no domingo.

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A Rússia reagiu imediatamente à notícia e considerou que "sem dúvida" será uma ameaça para o país, nas palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"A ampliação da Otan e a aproximação da Aliança de nossas fronteiras não tornam o mundo nem o nosso continente mais estáveis e seguros", disse Peskov à imprensa.

A candidatura finlandesa é uma consequência direta da guerra na Ucrânia e provavelmente será imitada por uma demanda similar da Suécia, aguardada para os próximos dias.

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"Ser membro da Otan reforçaria a segurança da Finlândia. Como membro da Otan, a Finlândia também reforçaria a Aliança em seu conjunto. A Finlândia deve ser candidata à adesão sem demora", afirmaram em um comunicado publicado nesta quinta-feira (12) o presidente Sauli Niinisto e a primeira-ministra Sanna Marin.

Os dois líderes políticos pretendem conceder uma entrevista coletiva no domingo sobre "decisões que envolvem a política em termos de segurança da Finlândia", no que será o momento de oficializar o pedido.

A posição dos dois líderes políticos estabelece a tendência do país, que tem uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, com a qual tem um passado doloroso.

A invasão da Ucrânia pelas tropas da Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, levou a opinião pública finlandesa a apoiar a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte. O mesmo acontece na Suécia.

Atualmente, 76% dos 5,5 milhões de finlandeses se declaram favoráveis à adesão, de acordo com uma pesquisa publicada na segunda-feira. Antes da guerra na Ucrânia, o apoio era de 25%.

No Parlamento, a maioria dos 200 deputados também é favorável. A decisão formal sobre a adesão deve ser tomada por um Conselho sobre a Segurança e Política Externa, que reúne o chefe de Estado, a chefe de Governo e vários ministros.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, celebrou o novo passo da Finlândia e declarou que a candidatura "seria recebida calorosamente, com um processo fluído e rápido".

- Espelho -

Os deputados finlandeses se reunirão na segunda-feira para examinar a proposta do governo e votar posteriormente, informou o presidente da Câmara, Matti Vanhanen.

"Aderir à Otan não é uma decisão que vai contra ninguém", disse o presidente finlandês na quarta-feira, em uma resposta às advertências da Rússia sobre o tema.

Para ele, que durante anos apostou em um diálogo Leste-Oeste, a Rússia só pode culpar a si mesma ao observar a união do país vizinho à Aliança.

"Se aderimos à Otan, minha resposta à Rússia seria: 'Vocês provocaram isto, olhem no espelho'", disse o presidente.

Submetida a uma neutralidade forçada por Moscou durante a Guerra Fria, a Finlândia aderiu à União Europeia (UE) e à Parceria para a Paz da Otan após o fim da União Soviética, mas não é membro da Aliança.

A Finlândia foi uma província russa (1809-1917) e também foi invadida pela União Soviética em 1939.

"Esperamos que a Suécia, nossa sócia, chegue à mesma conclusão que nós e possamos ser candidatos juntos", disse o ministro da Defesa da Finlândia, Antti Kaikkonen.

A Suécia, que também permaneceu à margem de alianças militares por décadas, provavelmente anunciará sua candidatura de adesão após uma reunião do Partido Social Democrata da primeira-ministra Magdalena Andersson prevista para domingo.

Os dois países estão preocupados com a reação russa ao pedido de adesão e tentaram obter garantias e proteção para os meses prévios à entrada formal na Aliança. Uma prova disso são os acordos assinados na quarta-feira com o Reino Unido para assistência mútua.

Os Parlamentos dos 30 países membros da Aliança devem ratificar a adesão dos novos países e o processo pode demorar meses.

Enquanto isso, os dois países, ambos membros da UE, também podem se sentir respaldados pelo artigo 42.7, que prevê a assistência mútua nos tratados europeus, destacou o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto.

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