Venezuelanos foram às ruas em partes de Caracas na noite de quarta-feira (27) e na manhã de ontem para protestar contra a falta de carne de porco – tradicional nas ceias de Natal e Ano-Novo no país. O presidente Nicolás Maduro havia prometido providenciar carne subsidiada para o fim do ano, mas em muitas partes do país a promessa não se concretizou e a frustração chegou às ruas, no que foi apelidada nas redes sociais de “revolta do pernil”.
Maduro, que tem alegado uma “guerra econômica” liderada por potências econômicas contra seu governo, foi à TV estatal acusar Portugal por não ter entregado as importações a tempo para o Natal. “O que aconteceu com o pernil? Nos sabotaram. Posso nomear um país: Portugal”, disse Maduro. “Nós compramos o porco, assinamos os acordos, mas eles buscaram as contas bancárias dos navios”, acrescentou, sem entrar em detalhes.
Outra autoridade venezuelana disse que o governo americano, que impôs sanções contra o governo de Maduro, havia pressionado Lisboa. Os portugueses se comprometeram, foram assustados pelos gringos e não enviaram os pernis”, afirmou Diosdado Cabello, número dois do chavismo, em seu programa no canal estatal VTV. “O governo português certamente não tem poder de sabotar porco [a importação]. Vivemos numa economia de mercado. Companhias são responsáveis por exportações”, disse o chanceler de Portugal, Augusto Santos Silva à rádio TSF.
A Raporal, empresa que recebeu a encomenda dos pernis, disse que a mercadoria não foi enviada porque o regime deve € 40 milhões (R$ 158 milhões) à companhia. Maduro frequentemente culpa a oposição, os EUA e outros países pela crise no país, em que há desabastecimento de vários produtos básicos. “Com ou sem sabotagem, ninguém irá tirar a alegria do Natal do povo”, disse Maduro.