Afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues decidiu retirar a ação que movia no Supremo Tribunal Federal (STF), ação essa que buscava sua permanência à frente da entidade. Essa escolha abre espaço para a realização de novas eleições, as quais estão previstas após uma intervenção judicial instaurada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
No documento protocolado, Ednaldo relata que sua decisão visa “restaurar a paz no futebol brasileiro” e recuperar a “serenidade em sua vida pessoal”. Ele anunciou que não participará da eleição convocada pelo interventor Fernando Sarney e expressou votos de sucesso à nova administração que se formará.
“Este gesto, sereno e consciente, representa o esforço do Peticionário (Ednaldo Rodrigues) em deixar para trás as etapas adversas desse litígio, rechaçar narrativas que ferem sua honra e de sua família, e reafirmar, diante dessa Suprema Corte, como sempre fez, seu compromisso com o respeito à Justiça, à verdade dos fatos e à estabilidade institucional da CBF”, diz a petição.
Ednaldo havia retornado ao cargo no início do ano, após o ministro Gilmar Mendes homologar um acordo entre dirigentes da CBF e a Federação Mineira de Futebol, que validava sua eleição. Contudo, ese mesmo acordo foi anulado na semana passada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zefiro, do TJRJ, que nomeou Fernando Sarney como interventor e determinou a realização de eleições “o mais rápido possível”.
A nova disputa pela presidência tem apenas um candidato oficial: o amazonense Samir Xaud, atual presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que conta com o apoio de setores significativos da atual estrutura da CBF.
A decisão que resultou no afastamento de Ednaldo foi motivada por suspeitas de irregularidades na assinatura do acordo homologado em fevereiro. O principal questionamento refere-se ao suposto vício de consentimento de Antônio Carlos Nunes Lima, conhecido como Coronel Nunes, cuja assinatura já havia sido alvo de impugnações anteriores — inclusive por pedidos feitos por Fernando Sarney e pela deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), ambos negados por Gilmar Mendes.
A contenda pela presidência da CBF se arrasta desde 2021, quando o Ministério Público do Rio de Janeiro começou a questionar as alterações no estatuto da entidade aprovadas em assembleia de 2017, que modificaram as regras que regem o processo eleitoral. Desde então, diversas ações judiciais se acumulam, envolvendo dirigentes afastados, acordos contestados e sucessivas reviravoltas no cenário jurídico.