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Grávida e irmã foram mortas com comida envenenada; ciúme pode ter motivado crime

Por Redação
6 Min

Para uma família necessitada, não haveria presente melhor do que um prato de comida. Foi o que as irmãs Regina dos Santos Paes, 26 anos, e Gleide dos Santos Paes, 30 anos, pensaram quando aceitaram, na noite da última sexta-feira (4), uma panela de moqueca de bacalhau oferecida por um, até então, amigo. As duas morreram envenenadas pelo chumbinho que estava misturado à comida. O suspeito, um homem conhecido por Bigode, que aparentava ter 50 anos, foi morto em seguida, linchado pelos vizinhos.

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As vítimas eram catadoras e moradoras do Conjunto Habitacional Bosque das Bromélias, em São Cristóvão, e Regina estava grávida de dois meses. O esposo de Gleide, o catador Isaque Henrique dos Santos, 49 anos, e o filho do casal, Zaqueu, 2 anos, também comeram a moqueca e passaram mal, mas sobreviveram. Eles estão internados no Hospital Geral Menandro de Faria, em Lauro de Freitas, mas não correm risco de morte. Os corpos das irmãs foram velados e enterrados no domingo (6).

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Vizinhos contam que Bigode era fiscal de uma obra em construção inacabada, que fica próximo ao conjunto habitacional e era uma pessoa próxima das vítimas. “Ele me disse um dia antes do crime que morava do lado de um posto de gasolina ao lado do Salvador Norte Shopping. Mas, vivia na casa delas, dormia lá direto. Sempre bebiam juntos”, contou a líder comunitária Maria Luciana, 34 anos.

A casa era dividida pelas duas famílias: a de Gleide, com o marido Isaque e os filhos Zaqueu e Gabriele, e a de Regina, com o marido Moacir e os dois filhos, uma menina de seis anos e um bebê de um ano e nove meses.

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Linchamento
Segundo Luciana, depois que os vizinhos foram socorrer as irmãs, Bigode teria assumido a autoria do atentado. Depois de um rumor de que Zaqueu teria morrido no hospital, os vizinhos foram atrás de Bigode, que foi linchado e morto com golpes de arma branca. Segundo a polícia, ele foi levado ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu.

Vizinho das vítimas, Ricardo Souza, 30 anos, contou que Bigode nutria uma paixão por Regina. “Ele era apaixonado por ela. Não sei se tiveram nada, mas ele estava sempre lá”, disse. Já o primo, Raul Paes, 28 anos, soube que o criminoso era apaixonado por Gleide, mas se aproximou de Regina para, através dela, chegar à irmã mais velha. “Elas não queriam nada com ele, era uma paixão doentia”, afirmou.

Segundo a empregada doméstica Celeste Silva, 45 anos, amiga de Regina, Bigode tinha sim um caso com Gleide e a amiga já havia contado isso a ela. “Eu tinha Regina como uma filha. Ela me contou que Gleide teve um relacionamento com Bigode e que ele tinha ciúmes dela”, disse.

Motivação
Para os vizinhos, o crime foi motivado por ciúmes. “Teve uma discussão recente, causada pela rejeição delas a ele. Ele tinha muito ciúme e, depois da briga, disse que ia dar um presente de Natal a elas”, contou Ricardo. Maria Luciana lembrou que outro vizinho contou a ela que depois de entregar a moqueca, Bigode teria zombado: “já dei o presente de Natal. Ho, ho, ho!”.

A diarista Rita de Cássia, 50 anos, foi quem primeiro socorreu a família. Ela conta que, por volta das 23h30, o marido de Regina, de prenome Moacir, saiu gritando por socorro. “Quando eu abri a porta, vi as duas caídas no chão, tremendo e com a boca espumando”, lembrou. As duas ainda teriam sido levadas com vida para o Hospital Geral Menandro de Faria, mas Regina faleceu à 1h, e Gleide por volta de 10h de anteontem.

A líder comunitária Maria Luciana também contou que ao entrar na casa viu os pedaços de chumbinho dentro da panela. “Elas morreram pela boca, porque passavam tanta necessidade que não iriam recusar a comida que receberam”, completou Ricardo. Segundo vizinhos, nem a filha de Gleide, Gabriele, nem os primos filhos de Regina provaram o prato. “São crianças que agora estão desamparadas e que só contam com os pais. Nós nos juntamos, arrecadamos fraldas, Mucilon, e levamos para o hospital. A avó não tem condições financeiras, nem psicológicas de cuidar de nenhum deles”, disse a líder comunitária.

A tia das vítimas, Liliane Batista dos Santos, 30 anos, contou que a mãe delas estava muito abalada. “Está muito nervosa com tudo isso. A outra irmã, a única que ficou agora, Cristiane, está no hospital com o menino pequeno, que está assustado. E Isaque, quando soube da morte de Gleide, disse que ia se matar. A família está arrasada”, lamentou.

Correio24

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