A mãe de um aluno do Colégio **Antônio Vieira**, em Salvador, que não teve a identidade revelada, utilizou as redes sociais para criticar a escolha do livro “Pequeno Manual Antirracista”, da filósofa Djamila Ribeiro, que estava sendo utilizado nas aulas de ensino religioso da instituição. Em uma publicação, a mulher destacou o fato de a escritora ser candomblecista e expressou sua opinião de que isso não estaria em consonância com a fé católica. Posteriormente, a mãe do estudante apagou as postagens do Instagram.
No post, a mãe, cujo filho está matriculado no 8° ano do Colégio, questionou a decisão de adotar o livro da filósofa Djamila Ribeiro para as aulas de ensino religioso em uma instituição que ela descreve como “católica e jesuíta”, uma das mais tradicionais da capital baiana. Além disso, ela levantou dúvidas se não seria mais adequado afirmar desde o início que a aula teria um viés ideológico de culto à servidão, e criticou a religião de matriz africana da autora.
Em resposta, a filósofa afirmou que seu livro é adotado por diversas instituições de ensino em todo o país, contribuindo para uma abordagem pedagógica antirracista. Ressaltando que Salvador é a cidade brasileira com a maior população negra, Djamila Ribeiro defendeu que a mãe do aluno “precisa se aprofundar no estudo do contexto social e racial do país”.
A autora também se manifestou em relação às críticas feitas pela mãe à sua religião, uma vez que ela pratica o Candomblé desde os 8 anos de idade. Em uma publicação em seu Instagram, compartilhada nesta quarta-feira (1/5), a filósofa declarou: “sou uma mulher de candomblé e isso é publicamente conhecido. Tenho orgulho de ser filha de Oxóssi e Iansã, e o tempo que tenho de iniciação na religião é mais longo do que muitos têm de vida. A Constituição de 1988 assegura o direito à liberdade religiosa”.
O Colégio **Antônio Vieira** também emitiu um comunicado para abordar a polêmica, ressaltando a importância de respeitar a diversidade cultural e religiosa do Brasil. Segundo o diretor-geral Sérgio Silveira, a escolha do livro foi feita com base na intenção de reforçar os valores cristãos.
“É correto afirmar que o cristão, pela sua vocação, também é convocado a ser antirracista, a se sensibilizar e se engajar na luta contra todas as formas de racismo, tanto dentro do contexto eclesial quanto na sociedade em geral”, menciona o comunicado.
A polêmica em torno do uso do livro “Pequeno Manual Antirracista” nas aulas de ensino religioso do Colégio **Antônio Vieira** gerou debates sobre diversidade, racismo e liberdade religiosa nas redes sociais. Djalmila Ribeiro seguiu defendendo sua obra e seu posicionamento em relação à sua fé, enquanto a instituição de ensino e a mãe do estudante continuaram dialogando sobre o tema. A discussão continua sendo acompanhada atentamente por diversos setores da sociedade e da comunidade acadêmica.