banner

Exportação de Grãos: Argentina Fatura US$ 7 Bi em 72 Horas

4 Min

Argentina Suspende Impostos de Exportação: Uma Medida Controverso para Atrair Dólares

A semana começou agitada na Argentina, após a decisão do governo de Javier Milei de suspender temporariamente os impostos de exportação sobre soja, milho, trigo e seus derivados. A medida, que visa captar dólares para fortalecer as reservas do Banco Central, ocorre em um momento de crescente desconfiança em relação à estabilidade política do país. Apesar de sua intenção financeira, a decisão gerou um forte descontentamento entre os agricultores.

A suspensão dos impostos, válida até o final de outubro ou até que as exportações atinjam US$ 7 bilhões, foi implementada com urgência. Em questão de apenas 72 horas, esse valor foi alcançado, permitindo que a China, que não comprou soja dos Estados Unidos neste ano, adquirisse pelo menos dez navios de 65 mil toneladas da Argentina, conforme noticiado pela Bloomberg.

No entanto, a alegria durou pouco. Na quarta-feira, o governo restabeleceu as chamadas retenciones, que incluem um imposto de 26% para a soja e 9,5% para milho e trigo. Isso deixou muitos agricultores insatisfeitos, pois a corrida das grandes tradings internacionais para emitir Declarações de Vendas ao Exterior (DJVE) não se traduziu em vendas efetivas de grãos. Embora as vendas tenham sido registradas, os exportadores têm um prazo de 360 dias para embarcar a mercadoria, o que levanta questões sobre a real demanda.

Durante esse curto período sem impostos, mais de 19,5 milhões de toneladas de grãos foram vendidas, segundo o jornal argentino La Nación. Contudo, como os exportadores não possuem toda a mercadoria, agora terão que comprá-la sob uma carga tributária que desvaloriza o produto. Essa situação deixou os agricultores com um "sentimento de amargura", conforme apontou a Coninagro, a Confederação Intercooperativa Agropecuária.

A entidade ressaltou que a medida temporária não beneficiou o produtor agrícola, que é quem assume o maior risco na cadeia produtiva. Ao contrário, foi vista como uma "janela de oportunidade" para poucos, uma vez que sete tradings concentraram 86% das exportações realizadas durante o período sem impostos. Nomes como Louis Dreyfus, Cargill, Bunge, Cofco, Viterra, além das argentinas Aceitera General Deheza e Molinos Agro, foram os principais beneficiários.

Desde que assumiu o poder, Milei tem enfrentado crescente resistência do setor agrícola, que clama por alívio nos impostos que têm minado a competitividade das exportações. A pressão por mudanças se intensifica, uma vez que muitos produtores veem a necessidade de um ambiente mais favorável para estimular a produção e garantir a sustentabilidade do setor.

Em um cenário de incertezas, a suspensão dos impostos de exportação serviu, em última análise, como uma medida emergencial que não abordou as preocupações estruturais do agronegócio argentino. A diferença entre a intenção do governo e a realidade do campo pode ter repercussões significativas nas relações entre o governo de Milei e os produtores agrícolas nos próximos meses.

Este episódio sublinha a complexidade do agronegócio argentino e o desafio de encontrar um equilíbrio entre interesses financeiros e a realidade dos agricultores, que são a espinha dorsal da economia do país.

Com informações do InfoMoney

Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.
Compartilhe Isso