Queda nas Exportações de Calçados do Brasil: Impactos e Desafios
SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de calçados brasileiros enfrentaram um revés significativo em agosto, com queda tanto em volume quanto em valor em relação ao mesmo período do ano anterior. A Abicalçados, associação que representa os fabricantes do setor, atribuiu essa diminuição principalmente ao desempenho fraco nas vendas para os Estados Unidos, que se mantém como o principal mercado para os produtos brasileiros.
De acordo com os dados divulgados, em agosto, o Brasil exportou 7,64 milhões de pares de calçados, uma queda de 0,5% em comparação com agosto de 2024. O retorno financeiro dessas vendas também foi impactado, totalizando US$ 77 milhões, o que representa uma diminuição de 9,1% em relação ao ano passado. No acumulado do ano, as exportações mostraram uma leve alta de 5,7%, totalizando 67,5 milhões de pares, mas a receita caiu 0,6%, atingindo US$ 651 milhões.
As vendas para os Estados Unidos foram as mais afetadas, com uma queda alarmante de 17,6% em volume, totalizando apenas 803,7 mil pares. A receita proveniente dessas vendas também caiu 1,4%, para US$ 21,4 milhões. Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, alertou que o "tarifaço" imposto pelos EUA, que representa mais de 20% das exportações brasileiras de calçados, já começou a ser sentido em agosto e deverá ter um impacto ainda maior em setembro, quando as tarifas adicionais de 50% estiverem em vigor.
Contrapõe-se a esse cenário desolador o aumento das exportações para outros mercados, como Argentina e Paraguai, onde as vendas cresceram 68% e 41,4%, respectivamente. A Argentina comprou 1,63 milhão de pares, enquanto o Paraguai adquiriu 877 mil pares, mostrando que, embora o mercado americano esteja encolhendo, outros países estão se tornando importantes aliados comerciais.
Adicionalmente, a Abicalçados destacou a crescente "invasão" de calçados chineses no mercado brasileiro. Após o aumento das tarifas nos EUA, os fabricantes chineses estão direcionando seus excedentes para o Brasil, oferecendo preços competitivos que complicam ainda mais a situação dos exportadores locais.
No contexto de importações, o Vietnã se destacou como a principal fonte, com 1,28 milhão de pares exportados ao Brasil, um aumento de 17,3% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, as importações da China também cresceram, com 492 mil pares enviados ao Brasil, um aumento de 41,5% na comparação anual.
Este panorama do setor calçadista brasileiro revela a fragilidade das exportações diante de tarifas protecionistas e da competição internacional. O futuro das vendas externas de calçados dependerá não apenas da recuperação do mercado americano, mas também da capacidade dos fabricantes brasileiros de se adaptarem às novas realidades econômicas e competitivas.
Com informações do InfoMoney
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