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Crescimento dos trabalhadores acima de 60 revela novas demandas no mercado

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O Trabalho na Maturidade: Uma Nova Realidade no Brasil

Em um cenário em que a longevidade se torna cada vez mais comum, a relação entre o envelhecimento da população e o mercado de trabalho ganha destaque. José Alberto Soares Lins, 60 anos, é um exemplo dessa nova realidade. Com dois filhos adultos e um neto, ele ainda precisa trabalhar por mais cinco anos para se aposentar. No entanto, seu amor pelo trabalho como porteiro em Brasília o impulsiona a querer continuar mesmo após a aposentadoria. “Quando eu me aposentar, pretendo continuar trabalhando por mais um tempo. É tranquilo”, afirma Seu Alberto, que conquistou a simpatia dos moradores com seu sorriso e dedicação.

Os números falam por si: entre 2012 e 2023, o número de pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho aumentou 76%, passando de 4,9 milhões para 8,6 milhões. Segundo o pesquisador Rogério Nagamine, essa mudança está ligada ao envelhecimento acelerado da população e à reforma da Previdência de 2019, que estabeleceu idades mínimas para aposentadoria (65 anos para homens e 62 para mulheres). A necessidade financeira, agravada pela economia instável, também leva muitos a permanecerem no mercado.

A realidade de Eloisa Biasuz, funcionária pública que, aos 57 anos, teve que adiar sua aposentadoria devido à reforma, ilustra bem essa situação. Com planos de permanecer ativa até 2029 para garantir uma pensão melhor, ela representa a crescente taxa de participação de trabalhadores mais velhos. “Antes da reforma, eu teria que trabalhar mais seis meses para me aposentar. Agora, são nove anos a mais”, explica.

Por outro lado, Fátima Xavier, 55 anos, decidiu não esperar mais e se aposentou em janeiro de 2024. Ela abriu uma corretora de seguros para complementar sua renda, ciente de que sua aposentadoria representaria uma queda significativa em seus ganhos. Seu exemplo reflete uma tendência crescente: muitos brasileiros estão buscando alternativas de trabalho para enfrentar a realidade financeira imposta pela nova legislação previdenciária.

Com a diminuição do número de jovens no mercado de trabalho — a faixa etária de 14 a 17 anos encolheu quase 50% desde 2012 —, a presença de profissionais maduros se torna cada vez mais crucial. O economista Alexandre Oliveira Ribeiro destaca que a mudança demográfica e as necessidades econômicas exigem uma adaptação das empresas, que não podem mais dispensar trabalhadores mais velhos.

Em resumo, a nova realidade do trabalho no Brasil não é apenas uma questão de sobrevivência financeira, mas também uma oportunidade para que pessoas como Seu Alberto, Eloisa e Fátima continuem contribuindo com suas experiências e habilidades. A sociedade deve repensar suas políticas públicas para garantir um futuro mais inclusivo e respeitoso para todos os trabalhadores, independentemente da idade.

Com informações do InfoMoney

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