Desafios do Funding Imobiliário em Debate no Abecip Summit 2025
A crise no funding imobiliário brasileiro é um tema que vem ganhando destaque nas discussões do setor, especialmente com a queda na captação da poupança e os constantes saques que têm diminuído os recursos disponíveis para financiamentos. No último dia 14, durante o Abecip Summit 2025, especialistas se reuniram em um painel para discutir os desafios e as possíveis soluções para essa situação, trazendo à tona a importância das Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
O presidente da Abecip, Sandro Gamba, enfatizou que as LCIs desempenham um papel crucial no financiamento imobiliário. "Nos últimos quatro anos, o crescimento do crédito foi impulsionado pelas LCIs. No entanto, qualquer alteração nas regras, como taxação ou mudanças no prazo do instrumento, pode impactar severamente o funding", alertou.
A recente proposta do governo de tributar as LCIs, que anteriormente eram isentas de impostos, e as mudanças na liquidez — que passaram de três meses para nove e depois recuaram para seis — são questões que preocupam os especialistas. Romero Albuquerque, diretor de crédito imobiliário do Bradesco, apontou que um aumento de 5% na tributação pode resultar em um acréscimo de 0,8% no custo do crédito para o tomador, o que impacta diretamente no bolso do consumidor.
No painel, Priscilla Ciolli, diretora de crédito imobiliário e CGI do Itaú, defendeu a necessidade de segurança jurídica no mercado. "Mudanças nas regras de captação podem aumentar os spreads, resultando em repasses de custo para o consumidor final", afirmou. Essa insegurança pode desincentivar investimentos no setor, crucial para a recuperação do mercado imobiliário.
A taxa básica de juros, atualmente em 15%, também foi um ponto central da discussão. Gamba destacou que, mesmo que haja previsões de cortes, o setor imobiliário pode não ver taxas de financiamento de um dígito em breve. "A expectativa é que a taxa média de crédito imobiliário no Brasil permaneça em 1,5 ponto percentual abaixo da taxa de mercado, mas isso depende de um contexto macroeconômico estável", explicou.
Outra proposta discutida foi a alteração do percentual dos depósitos compulsórios na poupança, uma medida apontada por Gilneu Vivan, diretor de regulação do Banco Central, como uma solução de curto prazo. Segundo ele, a mudança deve ser parte de uma discussão mais ampla sobre o direcionamento da poupança para concessão de crédito, e não apenas sobre o saldo.
O panorama atual do funding imobiliário é desafiador, mas as conversas no Abecip Summit 2025 revelam a busca por soluções inovadoras e a colaboração entre os diferentes agentes do setor. A implementação de mudanças significativas será um processo longo e gradual, mas a determinação dos especialistas pode ser um passo crucial para revitalizar o mercado imobiliário no Brasil.
A discussão sobre o futuro do financiamento imobiliário é mais relevante do que nunca, e a necessidade de um ambiente regulatório estável e previsível se torna essencial para garantir a continuidade do crescimento desse importante setor da economia brasileira.
Com informações do InfoMoney