A 17ª Cúpula do Brics: O Encontro de Potências Emergentes no Rio de Janeiro
O Brasil se prepara para sediar, entre os dias 6 e 7 de julho, a 17ª Cúpula de Líderes do Brics, em um evento que ocorrerá no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. Este encontro reúne um grupo de países que, apesar de ser frequentemente confundido com um bloco econômico, representa uma aliança estratégica de nações emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O Brics, um acrônimo criado no início dos anos 2000, ganhou destaque global, sendo responsável por cerca de 40% do PIB mundial, conforme dados do FMI. A primeira cúpula do grupo aconteceu em 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia, onde apenas os quatro primeiros países eram considerados membros. A inclusão da África do Sul em 2011 marcou uma ampliação significativa, e desde então o grupo se expandiu para 11 nações.
O termo Brics foi popularizado pelo economista britânico Jim O’Neill, que, em um estudo de 2001 para o banco de investimentos Goldman Sachs, previu que esses países teriam um crescimento econômico superior ao das nações do G7. Desde então, a interação entre esses países se intensificou, culminando na formação de uma plataforma política que busca reformular a governança global.
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Conforme destacado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a crise financeira de 2008 serviu como catalisador para que os países do Brics reivindicassem uma maior representação nas instituições financeiras internacionais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Essa demanda por reformulação se alinha com a busca por um novo equilíbrio de poder no século XXI.
Recentemente, a expansão do Brics foi definida durante a cúpula de Durban, em 2023, com a inclusão de nações como Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, enquanto a Argentina teve sua adesão abortada devido a mudanças políticas internas. Essa ampliação gerou um debate sobre a diluição do peso político dos membros fundadores, como o Brasil, que, segundo Marcos Troyjo, ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, viu sua influência se reduzir significativamente.
Apesar de buscar uma maior cooperação entre os países do Sul Global, o Brics enfrenta críticas por sua crescente oposição aos países desenvolvidos. O uso de moedas locais nas transações entre os membros e a discussão sobre o fim do padrão dólar têm sido temas recorrentes nas cúpulas. Em 2024, a cúpula em Kazan reiterou a preocupação com as sanções econômicas, especialmente em relação ao regime de Vladimir Putin, evidenciando o papel geopolítico complexo que o grupo desempenha no cenário internacional.
Com o lema “Fortalecendo a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”, a cúpula no Rio de Janeiro promete ser um marco importante para o futuro do Brics, não apenas como um bloco econômico, mas como um ator estratégico na política global contemporânea.
Com informações do InfoMoney