A Necessidade de Reformas Estruturais na China: Análise do Morgan Stanley
O Morgan Stanley traz à tona uma avaliação contundente sobre os desafios econômicos enfrentados pela China, enfatizando que o país não apenas necessita de novos estímulos econômicos, mas de uma verdadeira reestruturação em seu modelo de crescimento. Em um recente relatório, o banco propõe um conjunto de três reformas estruturais que podem formar a base para esse novo caminho: a reforma do sistema fiscal, o realinhamento das metas macroeconômicas e a reformulação dos critérios de avaliação dos quadros oficiais.
Um dos principais pontos levantados pelo Morgan Stanley é a urgência em implementar a reforma fiscal. O atual sistema tributário da China, que é fortemente dependente de impostos indiretos como o IVA, tem contribuído para uma cultura de excesso de investimentos e capacidade produtiva. A falta de mudanças significativas na forma como os governos locais são financiados perpetua políticas de estímulo pelo lado da oferta, independentemente das diretrizes de Pequim.
Além disso, o relatório destaca que as metas macroeconômicas da China têm se concentrado excessivamente na produção e no PIB, negligenciando aspectos cruciais como o consumo das famílias e o bem-estar social. O Morgan Stanley argumenta que um foco em demandas e melhorias sociais é essencial para um reequilíbrio econômico saudável.
Outro aspecto importante abordado é o sistema estatístico e o modelo de avaliação de desempenho de autoridades locais. A ênfase do atual mecanismo de apuração do PIB na produção, em detrimento de dados de consumo, pode levar a uma superficialidade nas mudanças. Para que a transformação seja efetiva, é necessário que as promoções de funcionários estejam atreladas a indicadores como o aumento do consumo das famílias e a melhoria da qualidade ambiental.
Apesar do cenário de discussões renovadas sobre reformas, o Morgan Stanley mantém uma postura cautelosa. O banco observa que, embora haja sinais de vontade política, a dependência de estratégias baseadas na oferta ainda é forte, tanto em níveis locais quanto centrais. Anteriormente, em anos como 2013, 2020 e 2024, tentativas de transformação também esbarraram na repetição de práticas conhecidas, evidenciando a resistência institucional a mudanças significativas.
O 15º Plano Quinquenal (2026-2030) será um verdadeiro teste para a liderança da China. Se metas como "consumo como percentual do PIB" forem adotadas como indicadores centrais, isso pode sinalizar uma mudança concreta na definição de sucesso econômico. Contudo, a implementação das reformas propostas ainda apresenta lacunas, especialmente em relação à ausência de cronogramas e mecanismos de aplicação efetiva.
Em suma, o Morgan Stanley acredita que o conjunto de reformas proposto é sólido e alinhado às necessidades de longo prazo da China. Contudo, a efetividade dessas reformas dependerá da capacidade de articulação política e administrativa da liderança chinesa. O desafio não reside apenas em identificar as ideias certas, mas em superar a resistência à mudança e construir um futuro econômico mais sustentável e equilibrado.
Com informações do InfoMoney