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Tensões no Oriente Médio afetam mercado de grãos e insumos no Brasil

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Tensões no Oriente Médio Impactam Produtores de Grãos no Brasil

SÃO PAULO (Reuters) – As recentes tensões no Oriente Médio estão criando um cenário desafiador para os produtores e comerciantes de grãos no Brasil, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. Com grandes importadores de alimentos e fornecedores estratégicos de fertilizantes, como o Irã, a situação do mercado agrícola brasileiro se torna cada vez mais complexa.

Frederico Humberg, fundador da comercializadora de grãos AgriBrasil, estima que essas tensões podem gerar perdas de até R$5 bilhões para os produtores brasileiros. O aumento nos custos de insumos, como a ureia, um nutriente essencial para o milho, está diretamente relacionado a essa volatilidade. Recentemente, o preço da ureia subiu em média 100 dólares por tonelada, impactando significativamente a produção.

Além disso, os exportadores enfrentam um aumento de 20% nos custos de frete marítimo, que agora gira em torno de 7 dólares por tonelada em algumas rotas. Essa escalada nos custos ocorre em um momento crítico, quando cerca de 80 milhões de toneladas de milho e soja ainda precisam ser embarcadas.

O Irã, que representa de 17% a 20% da demanda de fertilizantes de ureia do Brasil, também foi responsável por cerca de 12% das exportações de milho brasileiras no ano passado, totalizando quase 38 milhões de toneladas. Contudo, a concorrência com produtores de outros países, como Estados Unidos, Argentina e Ucrânia, que apresentam uma oferta abundante, torna o cenário ainda mais complicado.

Maurício Buffon, um produtor de Tocantins, expressa sua preocupação com a situação: “Tenho muito milho para comercializar. Infelizmente, se fechou um mercado de 4,5 milhões de toneladas, isso é muita coisa.” Ele observa que as vendas estão se concentrando mais no mercado interno, devido à instabilidade nos mercados internacionais.

Além disso, muitos agricultores, como Endrigo Dalcin e Marcos da Rosa, enfrentam dificuldades para adquirir insumos. Dalcin descreve o mercado interno como “estagnado”, sem conseguir comprar sementes e fertilizantes necessários para a nova safra de soja. “Os silos estão cheios e os bolsos vazios”, lamenta ele, enquanto a taxa de câmbio desfavorável também compromete as perspectivas de lucro.

A guerra e as tensões no Oriente Médio não apenas aumentam os custos, mas também colocam o Brasil em uma posição vulnerável, com o risco de perder um importador chave como o Irã. A combinação de insumos caros, fretes elevados e a incerteza nos mercados internacionais cria um ambiente desafiador para o agronegócio brasileiro.

Com a safra 2025/26 prestes a ser preparada, os produtores brasileiros terão que navegar por esses desafios enquanto buscam garantir a competitividade em um mercado global cada vez mais exigente e volátil.

Com informações do InfoMoney

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