Brasil em Alerta: Desafios Fiscais e a Necessidade de Reformas Estruturais
O Brasil, embora não enfrente uma crise fiscal imediata, encontra-se em uma encruzilhada, onde a janela para ajustes fiscais pode estar se fechando rapidamente. Essa é a avaliação do economista Eduardo Giannetti, que participou do painel “Equilíbrio Fiscal no Brasil: questão de governo ou de Estado?” no Anbima Summit, realizado em São Paulo no dia 25 de outubro.
Durante o evento, especialistas destacaram que o problema fiscal do país é estrutural, atravessando diferentes governos e ideologias. Giannetti enfatizou a urgência de grandes reformas para garantir a sustentabilidade fiscal e o crescimento econômico. “Hoje não estamos num momento de emergência, mas precisamos entender, antecipar e agir”, alertou, criticando os gastos excessivos do governo federal e a negação dos desafios fiscais.
Um dos principais pontos levantados por Giannetti foi a elevada carga tributária que, segundo ele, consome 33% do PIB. “Um terço da atividade econômica é arrecadada pelo governo, mas a eficiência na entrega de bens públicos é alarmantemente baixa”, afirmou. Ele também destacou a rigidez do orçamento público, onde 93% dos recursos já estão comprometidos devido a gastos obrigatórios, como previdência e pagamento de juros, que consomem 23% do PIB. “Se não desfizermos essa situação, não sairemos da encrenca em que estamos”, alertou.
A economista Ana Vescovi, diretora de Macroeconomia do Santander Brasil, complementou essa análise ao afirmar que o déficit estrutural do governo central está em 1% do PIB, o que dificulta o financiamento das despesas públicas. Vescovi enfatizou que é insustentável manter um crescimento das despesas reais de 4% ao ano, especialmente se a economia não acompanhar esse ritmo. “Precisamos controlar gastos, melhorar programas públicos e buscar uma melhor distribuição de renda”, disse.
A perspectiva histórica foi trazida por Carlos Kawall, sócio da Oriz Partners, que comparou a trajetória fiscal do Brasil a um carro com o acelerador no fundo desde o Plano Real. Ele criticou as mudanças recentes que favoreceram um expansionismo fiscal, ressaltando que “não adianta criar uma regra fiscal se não vamos à origem do problema”.
Em um cenário em que a taxa de desemprego está em níveis historicamente baixos, a desaprovação do governo Lula continua a crescer. Kawall observou que essa nova dinâmica tem levado os governantes a criar estímulos fiscais para evitar uma rejeição ainda maior.
O consenso entre os especialistas é claro: a janela para mudanças estruturais pode estar se fechando rapidamente, e o atual governo enfrenta desafios significativos para promover as reformas necessárias. A urgência em agir é indiscutível, mas a pergunta que fica é: estaremos prontos para enfrentar essas reformas em meio a um cenário político polarizado? A resposta a essa questão pode determinar o futuro fiscal do Brasil nos próximos anos.
Com informações do InfoMoney
Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.