Redução das Tensões no Oriente Médio e Seus Efeitos na Economia Global
A recente diminuição das tensões no conflito entre Irã e Israel trouxe um alívio temporário para a política de juros no Brasil e nos Estados Unidos. No entanto, essa pausa não deve ser interpretada como uma solução permanente. Economistas permanecem vigilantes, cientes de que os desdobramentos no Oriente Médio podem impactar a inflação em ambos os países.
Na noite de segunda-feira (23), o ex-presidente Donald Trump anunciou um possível cessar-fogo, o que ajudou a reduzir a pressão sobre as taxas de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil decidiu elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, alcançando 15%, uma medida que já refletia a instabilidade da região. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve optou por manter os juros entre 4,25% e 4,5%, mesmo diante do conflito.
A publicação da ata do Copom nesta terça-feira (24) revelou a cautela dos diretores em relação aos cenários interno e externo. As declarações de Jerome Powell, presidente do Fed, no Congresso americano, também enfatizaram a necessidade de prudência, com o mercado reduzindo a expectativa de cortes nas taxas de juros para julho.
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A cotação do petróleo, que se mantém em níveis mais baixos, poderá influenciar a decisão do Fed, com analistas projetando um possível corte de juros em setembro. Isso seria benéfico para o Brasil, onde a expectativa de um novo ciclo de cortes de juros pode se prolongar até 2026, dependendo da pressão inflacionária e da movimentação do capital.
Analistas ressaltam que, embora o Brasil não deva elevar os juros neste momento, as incertezas globais podem atrasar o início dos cortes. Jorge Ferreira, professor da ESPM, afirma que novas altas nas taxas só ocorrerão se a inflação e a desvalorização do real se tornarem preocupantes. André Matos, CEO da MA7 Negócios, complementa que a alta volatilidade e a aversão ao risco geradas por conflitos geopolíticos podem manter os juros elevados por mais tempo, travando a economia brasileira.
As declarações de Powell sugerem que as tensões no Oriente Médio não são vistas como um fator crítico para mudanças na política monetária dos EUA. A estabilidade do preço do petróleo e uma inflação controlada oferecem ao Fed a oportunidade de focar no crescimento econômico e no equilíbrio do mercado de trabalho.
Com o petróleo em queda para menos de 65 dólares por barril, os economistas acreditam que o impacto do conflito irá se dissipar, sem provocar um choque inflacionário significativo. Bruno Corano, economista da Corano Capital, enfatiza que a situação, embora delicada, não deverá levar a uma recessão global, mas sim a um crescimento moderado nos próximos trimestres.
Em suma, a redução das tensões no Oriente Médio pode ter trazido um alívio temporário para a política monetária, mas a cautela permanece. O cenário econômico global continua a ser moldado por fatores complexos e interligados, e a vigilância sobre a inflação e a movimentação do capital será crucial nos próximos meses.
Com informações do InfoMoney
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