Produção Industrial Brasileira Surpreende em Março de 2025
A divulgação recente pelo IBGE revelou que a produção industrial brasileira avançou 1,2% em março em comparação a fevereiro, e 3,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Esses números superaram as expectativas das principais casas de análise e sinalizam uma resiliência do setor industrial, mesmo em um contexto de baixa taxa de desemprego e aumento da renda e do consumo doméstico.
A XP Investimentos destacou que, após cinco leituras fracas consecutivas, a Sondagem Industrial de março trouxe uma surpresa positiva, com destaque para a categoria de “Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis”, que cresceu 3,4% em relação ao mês anterior. Este desempenho foi bem distribuído, com três das quatro principais categorias econômicas e 16 das 25 atividades manufatureiras apresentando crescimento.
Particularmente notáveis foram os aumentos nas categorias de Bens Semi e Não Duráveis (2,4%) e Bens Duráveis (3,8%), que reverteram as quedas do mês anterior. A recuperação em Produtos Farmacêuticos, com um impressionante aumento de 13,7%, e a produção de veículos, que cresceu 8,6% no acumulado do ano e 14,3% nos últimos 12 meses, também foram destaques.
Entretanto, nem todos os setores mostraram desempenho positivo. A categoria de Bens de Capital apresentou um recuo de 0,7% no mês, refletindo uma desaceleração após meses de resultados melhores que o esperado. Apesar disso, a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu significativamente no primeiro trimestre de 2025.
Os economistas da XP projetam um cenário de desaceleração gradual para a indústria de transformação, impulsionado por condições financeiras mais restritivas e uma confiança empresarial em declínio. No entanto, a resiliência do mercado de trabalho e o aumento da renda real das famílias devem sustentar a demanda doméstica a curto prazo. Para 2025, a expectativa é que a produção industrial geral cresça 2,2%, abaixo dos 3,1% registrados em 2024.
O Bradesco, por sua vez, comentou que, embora o desempenho de março tenha sido surpreendente, ele está em linha com as expectativas para o primeiro trimestre. A instituição espera que a atividade econômica comece a desacelerar no segundo trimestre e que essa tendência se intensifique na segunda metade do ano.
Por outro lado, André Valério, economista sênior do Inter, sugere que o resultado surpreendente de março reflete uma demanda ainda saudável, especialmente no setor exportador, que se beneficiou de uma balança comercial superavitária de mais de US$ 8 bilhões. Contudo, ele alerta que a incerteza gerada por tarifas e as expectativas de desaceleração podem impactar os próximos meses.
Em suma, a produção industrial brasileira em março de 2025 mostra um quadro misto: enquanto alguns setores se recuperam e superam as expectativas, outros enfrentam desafios significativos. A habilidade do setor em navegar por essas águas turbulentas será crucial para seu desempenho ao longo do ano.
Com informações do InfoMoney