As Tarifas de Trump e Seus Efeitos no Comércio Global: O Impacto para o Brasil
A semana começou marcada por uma forte aversão ao risco nos mercados financeiros, em resposta às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em uma conversa com repórteres a bordo do Air Force One, Trump anunciou que as novas tarifas a serem implementadas esta semana abrangerão todos os países, não se restringindo a um grupo menor de nações. Essa afirmação acendeu alarmes sobre uma possível guerra comercial global, levantando temores de que tal conflito possa precipitar uma recessão econômica.
Trump descreveu o que chamou de "Dia da Libertação", prometendo revelar um grande plano tarifário que incluirá aumentos significativos sobre produtos de diversos países, incluindo alumínio, aço e automóveis. As expectativas iniciais de que as tarifas seriam limitadas a um número restrito de nações foram rapidamente desfeitas por suas palavras. A situação é ainda mais crítica para o Brasil, que foi especificamente mencionado como um dos países-alvo das novas medidas.
Historicamente, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. Em 2024, aproximadamente 12% das exportações brasileiras foram destinadas ao mercado americano, totalizando US$ 40,4 bilhões, enquanto 15,5% das importações brasileiras vieram dos EUA, somando US$ 40,7 bilhões. Com um saldo comercial quase nulo, as medidas tarifárias poderiam ter um impacto devastador na balança comercial brasileira.
As economias do Brasil e dos Estados Unidos estão interligadas, com produtos como óleos brutos, combustíveis de petróleo, produtos de ferro e aço, aeronaves, café e celulose sendo algumas das principais exportações brasileiras. No entanto, as tarifas médias aplicadas pelo Brasil às importações dos EUA são significativamente mais altas — cerca de 11,3% em comparação com apenas 2,2% das tarifas americanas sobre os produtos brasileiros. Essa disparidade sugere que o Brasil poderia enfrentar um aumento das taxas em resposta às medidas tarifárias de Trump.
O banco Bradesco, em análise, delineou três cenários hipotéticos sobre o impacto das tarifas recíprocas. No primeiro, a reciprocidade nas tarifas levaria a uma redução de cerca de US$ 2 bilhões nas exportações brasileiras, resultando em uma depreciação do real e um impacto leve sobre a inflação. No segundo cenário, se os EUA aumentassem as tarifas para 25%, o Brasil poderia ver uma queda de US$ 6,5 bilhões em suas exportações, enquanto o terceiro cenário abordaria uma retaliação brasileira, com impactos significativos na inflação.
Além disso, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, a Amcham, expressou preocupações sobre como essas tarifas poderiam prejudicar não apenas o Brasil, mas também os interesses das empresas americanas. Com mais de 48% das exportações americanas para o Brasil entrando sem tarifas, o impacto de uma guerra comercial poderia ser devastador para ambos os países.
Enquanto isso, as barreiras não-tarifárias também estão no horizonte, com um estudo do BTG Pactual revelando que mais de 86% das importações brasileiras enfrentam algum tipo de restrição. Tais considerações devem ser levadas em conta enquanto os EUA reavaliam sua política comercial sob a liderança de Trump.
O futuro do comércio entre os EUA e o Brasil permanece incerto, mas uma coisa é clara: as decisões que serão tomadas nas próximas semanas terão repercussões significativas para a economia global e para as relações bilaterais entre esses dois países.
Com informações do InfoMoney