A Revolução da Arqueologia na Amazônia
A arqueologia da Amazônia passa por uma transformação significativa, desafiando a antiga percepção da região como um "inferno verde" habitado por uma população escassa e culturalmente atrasada. Pesquisas recentes indicam que entre 8 a 10 milhões de pessoas habitaram essa vasta área, revelando um passado rico e diversificado.
Presença Humana e Domesticação de Plantas
A presença humana na Amazônia data de pelo menos 13 mil anos. A região se destacou como um centro de domesticação de plantas cruciais, sendo a origem de várias espécies cultivadas mundialmente. A mandioca, por exemplo, é originária do sudoeste amazônico e se espalhou por toda a região tropical. Plantas como o cacau e o tabaco também têm suas raízes traçadas na Amazônia, evidenciando sua relevância agrícola.
Sistemas Agroecológicos e Diversidade Cultural
Os sistemas agroecológicos amazônicos incluem uma mistura de plantas domesticadas e silvestres. Essa abordagem desmistifica o conceito de "Neolítico", revelando um modelo de convivência entre o produzido e o silvestre que assegura resiliência e diversidade aos ecossistemas locais. A diversidade de espécies cultivadas em quintais indígenas, por exemplo, destaca a rica relação cultural e ecológica.
Terras Pretas de Índio: Solos Antropogênicos
As terras pretas de índio, formadas ao longo de milênios, cobrem uma fração significativa da Amazônia, mostrando-se altamente produtivas. Estas terras, resultantes da atividade humana, sustentam comunidades contemporâneas e demonstram a herança dos povos indígenas na fertilidade do solo.
Estruturas Arqueológicas e Inovações Tecnológicas
Descobertas arqueológicas recentes, como geoglifos e montículos artificiais, revelam a extensão da modificação da paisagem amazônica ao longo do tempo. Tecnologias inovadoras, como o LIDAR, têm sido essenciais para identificar e registrar essas estruturas ocultas pela densa cobertura florestal, proporcionando um novo entendimento sobre a complexidade das interações humanas com o ambiente.
O Papel da Arqueologia no Presente
A arqueologia se mostra uma ferramenta vital para compreender a crise ecológica atual e pensar em soluções. A atuação indígena, que moldou a Amazônia durante milênios, deve ser reconhecida como fundamental para a conservação da região. O uso do conhecimento científico para abordar questões políticas e ambientais contemporâneas é essencial no trabalho dos pesquisadores, que buscam não apenas entender o passado, mas também contribuir para um futuro sustentável.
As investigações na Amazônia não apenas revelam sua rica história, mas também orientam práticas de conservação que respeitam e incorporam o legado dos povos que habitam a floresta. Ao aplicar a arqueologia como uma forma de ativismo científico, há a esperança de construir um amanhã que preserve a biodiversidade e a cultura amazônica.
Informações da Agência FAPESP
Curtiu? Siga o Candeias Mix nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, e Google Notícias. Fique bem informado, faça parte do nosso grupo no WhatsApp e Telegram.

