Variação de Temperatura em Favelas e Bairros Vizinhos da Capital Pode Chegar a 15 °C

Por Redação
3 Min

Diferenças de Temperatura em Favelas e Bairros de São Paulo

Estudos recentes evidenciam a disparidade de temperaturas entre favelas e bairros vizinhos em São Paulo. Imagens de satélite revelaram que, no Morumbi, a temperatura média das superfícies atingiu 30 °C, enquanto na favela de Paraisópolis, o registro chegou a 45 °C. Em Heliópolis, outra favela significativa, as temperaturas excederam 44 °C. Esses dados foram obtidos a partir de um estudo conduzido por pesquisadores do Centro de Estudos da Favela (CEFAVELA), com informações coletadas através de 19 imagens termais do Satélite Landsat 8 entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.

A cidade de São Paulo, com aproximadamente 11,5 milhões de habitantes, abriga mais de 1,7 milhão de pessoas em 1.359 favelas, que ocupam apenas 4% do território, mas concentram mais de 15% da população. Essas áreas muitas vezes superam os 40 °C, conforme demonstrado em um mapa interativo disponibilizado pelo CEFAVELA.

Diferenças significativas podem ser observadas entre as favelas. Comunidades densamente ocupadas e sem vegetação têm temperaturas alarmantes, ao passo que outras, situadas perto de corpos d’água ou com corredores verdes, conseguem manter temperaturas mais amenas.

No Capão Redondo, um dos distritos com maior densidade populacional do município, quatro das dez favelas mais quentes foram identificadas: Jardim Capelinha/Nuno Rolando (47,4 °C), Jardim D’Abril II (47,3 °C) e Basílio Teles (47,2 °C). Em contraste, o Jardim Apurá, próximo à represa Billings, registrou apenas 23,7 °C, e o Alto da Riviera B/Jardim Guanguará, na região da represa Guarapiranga, atingiu 23,6 °C.

Os pesquisadores destacam a importância de sensibilizar a população para a realidade do calor, que vai além de um mero fenômeno meteorológico. Enfatizam que as decisões de planejamento urbano têm um impacto direto sobre a temperatura. Soluções baseadas na natureza, como corredores verdes, parques, árvores, jardins de chuva e telhados verdes, são propostas como alternativas sustentáveis para reduzir a temperatura e aumentar a resiliência urbana.

“Esse desafio não é apenas técnico, mas político. Reconhecer o calor como parte da inadequação habitacional implica admitir que a exclusão urbana também se mensura em graus Celsius”, afirmam os pesquisadores.

O estudo, intitulado "Exposição ao Calor: A Face Invisível da Moradia Inadequada," pode ser acessado aqui. O mapa interativo produzido pelo CEFAVELA está disponível neste link.

Informações da Agência FAPESP

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