Um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP revelou que 32,3% dos 99 pacientes que se submeteram a cirurgias de prótese de quadril e joelho apresentaram complicações nos primeiros 30 dias após a alta, com uma taxa de 12,1% de infecções locais. Por outro lado, uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, em 2022, avaliou 85 implantes dentários em 37 pacientes e encontrou uma taxa de falha de 7,1%.
Essas complicações geram dores, custos adicionais e prolongados períodos de espera para que os pacientes retomem suas rotinas. Para enfrentar esse desafio, a startup Extremus Smart Surface desenvolveu, com o suporte do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, uma tecnologia que promete acelerar o processo de recuperação: superfícies que interagem com as células do corpo, promovendo uma regeneração mais rápida e eficiente.
Tecnologia de Superfícies Inteligentes
A inovadora abordagem da Extremus transforma implantes médicos tradicionais em biomateriais inteligentes, reduzindo significativamente o tempo de recuperação e as chances de falha. “Nossa inovação melhora a integração biológica entre o implante e o organismo com um tratamento de superfície específico”, explica o fundador, Diego Pedreira de Oliveira. Essa tecnologia, embora invisível aos pacientes e médicos, acelera a cicatrização.
Nanotopografia Específica
Diferentemente dos implantes comuns, que possuem superfícies lisas ou rugosas de forma aleatória, a Extremus utiliza uma nanotopografia específica. Essa estrutura microscópica interage profundamente com as células, melhorando a fixação do implante ao osso e, consequentemente, reduzindo as taxas de falhas. Testes pré-clínicos em animais mostraram melhorias significativas na fixação. Além disso, estudos com células-tronco da medula óssea humana indicam que essas células podem diferenciar-se em osteoblastos, que são responsáveis pela formação de novos ossos.
Crescimento no Mercado de Implantes
O mercado global de implantes dentários, avaliado em US$ 4,6 bilhões em 2023, deve crescer 6,1% ao ano até 2030, conforme dados da Grand View Research. No Brasil, o setor de dispositivos médicos movimentou R$ 26,1 bilhões, segundo um relatório da Abimo, indicando um cenário promissor para a Extremus.
Ampliação de Aplicações
A Extremus atua em três segmentos principais: odontológico, ortopédico (incluindo fêmur, joelhos e cotovelos) e cardiovascular. Notavelmente, a recepção tem sido mais positiva no setor cardiovascular, onde interações adequadas com o sistema circulatório são cruciais.
Com pelo menos 800 mil implantes dentários realizados anualmente no Brasil, a melhoria na integração biológica dos implantes representa um avanço significativo. A tecnologia fabricada pela Extremus já é patenteada.
Regulação e Futuro
Como ocorre com todas as inovações médicas, a solução da Extremus passará por rigorosos processos regulatórios. A empresa não fabrica implantes, mas licencia sua tecnologia para fabricantes estabelecidos, que registram as aplicações na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O foco atual da startup é desenvolver a tecnologia para o setor cardiovascular, que possui grande potencial de impacto.
Perspectivas e Internacionalização
Essa inovação representa uma mudança paradigmática na concepção de implantes médicos, que costumam ser vistos apenas como fixações mecânicas. “Nossa proposta é transformar essa visão, especialmente com o aumento do envelhecimento populacional e a demanda por recuperações mais rápidas”, afirma Oliveira.
Além disso, a Extremus planeja a internacionalização, escolhendo seu nome em inglês desde o início para facilitar sua projeção global. A expectativa é que essa estratégia fortaleça ainda mais a posição da empresa no mercado brasileiro, destacando sua inovação e aumentando a notoriedade tanto nacional quanto internacionalmente.
Informações da Agência FAPESP
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